Crítica: O Caseiro

Sabe aquele filme óbvio do início ao fim? Aquele que desde a primeira fala você já saca tudo? O Caseiro é assim. A produção nacional dirigida por Julio Santi (do ainda inédito O circo da noite) é uma trama de terror lev, que parece buscar surpreender a plateia, mas o público consegue adivinhar tudo pois ele segue sua narrativa num estilo bem estadunidense de contar história.

A sensação que O Caseiro passa é de que você já viu aquilo em algum lugar. Teoricamente, o enredo é bem simples. Davi (Bruno Garcia) é um professor universitário, que estuda psicologia sobrenatural e recebe um pedido de uma jovem (Malu Rodrigues), para que ele investigue o que está acontecendo na sua família. Muitos anos atrás, o pai da garota (Leopoldo Pacheco), encontrou o caseiro da residência enforcado e agora ele acredita que a alma do homem voltou para assombrar e destruir seus entes queridos.

Para desvendar esse mistério, Davi passa quatro dias no lar de Rubens e suas filhas, um lugar que, obviamente, é esquisito e afastado da civilização. Durante esse período, o protagonista, vivido por Garcia, vai juntando as peças do quebra-cabeça e descobrindo o que realmente está acontecendo no local. Nada que o público já não tenha entendido no início da projeção.

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Apesar da tentativa bacana de trazer o gênero terror para películas brasileiras, não tem como engolir o roteiro de O Caseiro que, inacreditavelmente, têm três pessoas envolvidas, é um número considerável de mentes para produzir algo tão previsível. No quesito “história”, há uma tentativa dos roteiristas Julio Santi, Felipe Santi e João Segall. Quando algum fato está para ser confirmando no enredo, eles tentam despistar o espectador, numa tentativa primária de trazer reviravoltas para o longa.

O triste é que o filme poderia ser bom. O clima de suspense instaurado durante a estadia de Davi na casa de Rubens é bem feito, a plateia consegue acompanhar as emoções das personagens e sentir a tensão que é causada principalmente na relação do protagonista com as meninas Lili (Annalara Prates) e Júlia (Bianca Batista). O elenco não possui nenhuma grande interpretação, mas está afinado e coerente, com exceção de Prates que não possui muita verdade cênica e cospe seu texto diante da câmera.

A montagem e a fotografia também são bem feitas, com planos bem encaixados que conseguem passar corretamente a sensação de tensão que uma película de terror necessita. Aliás, a edição acerta onde o roteiro falha. Graças aos bons cortes e junções do longa, o espectador, ainda que adivinhando a história, consegue ficar tenso com as imagens mostradas na telona.

O Caseiro é aquele filme que frustra, pois existe nele um forte potencial, que é desperdiçado pelos roteiristas, na tentativa de surpreender a plateia. Não adianta ter uma equipe coesa, que faz todos os outros elementos do longa ficarem na média, se a história contada é sem graça, tem buracos e entendia o público.

Assista ao trailer: