Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 é um dos filmes mais aguardados do ano e não é para menos. Uma franquia com tamanho equilíbrio como essa merece o nosso respeito. Afinal, são mais de 25 anos desde o lançamento do primeiro longa, lá em 1996, e Tom Cruise (Top Gun: Maverick) ainda consegue fazer com que Ethan Hunt seja um ótimo protagonista e líder de equipe. E sim, aqui eu vou enaltecer o ator porque ele é o principal pilar que sustenta essa série de filmes.
Diferente do que outras franquias vem fazendo, especialmente as de super-herói, aqui na espionagem não existe pressa no lançamento dos filmes. Eles dão tempo ao tempo e, especialmente, ao espectador para digerir e começar a sentir falta daquela história. São 7 filmes em 27 anos, o que dá uma média de 1 filme a cada quase 4 anos. Ou seja, o roteiro consegue ser bem maturado, os fãs ficam ansiosos, Cruise consegue aprender novas habilidades mortais (vamos falar disso mais à frente). O compilado perfeito para um resultado que agrada.
Este longa, inclusive, vai muito além do agrado. Hunt agora lida com o perigo assombroso da Inteligência Artificial. É uma temática extremamente atual, especialmente agora que o público comum tem cada vez mais acesso a essa tecnologia. Então, a história por si só já nos atrai a todo instante. É um medo real e sensível que faz com que a gente conecte rapidamente a ficção com a realidade.
Logo então, ele parte para a perseguição de uma chave que é uma das chances que eles têm de destruir uma IA assustadora que consegue manipular completamente a realidade. E aí nós temos ação em cima de ação. Mas entenda: é diferente quando essa logística é feita a partir de um roteiro bem construído e uma direção acertada. Não é apenas uma junção de tiro, porrada e bomba aleatória para engrossar o tempo de tela. Todas as escolhas feitas ali têm um propósito. Aliás, o filme sustenta perfeitamente as 2h40 de duração.
Méritos ao diretor Christopher McQuarrie, também responsável pelos últimos dois longas da franquia, Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018) e Missão: Impossível – Nação Secreta (2015). A sua intimidade com o enredo claramente rendeu a ele a habilidade necessária para evoluir a trama, sem se perder no meio do caminho.
Em Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 todos os conflitos básicos que afetam o seu protagonista são permeados em algum momento. Ele lida com a incapacidade de proteger todas as pessoas que ama, enquanto é afundado em missões que não tem o menor controle. Seus amigos são sua única escapatória e é a eles que deve fidelidade acima de tudo. Benji (Simon Pegg, Luck) e Luther (Ving Rhames, Missão Impossível – Efeito Fallout) conseguem ser o alívio da trama, sem precisar carregar o peso na comédia.
Envolvendo o espectador em todos os momentos, o filme vai evoluindo na inserção de novos personagens, como é o caso de Grace (Hayley Atwell, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura). Ela surge como a atrapalhada ladra que está ali apenas para cumprir um serviço e acaba imersa em uma trama muito mais complexa do que imagina. A sua falta de habilidade com lutas é esquecida por sua extrema capacidade de roubas coisas, sem que as pessoas percebam. Bom acréscimo à franquia.
Mas precisamos enaltecer, claro, Tom Cruise. O homem é uma máquina. Toda a sua dedicação de bastidores transborda em cena e, arrisco dizer, é o que sustenta a grandiosidade desta franquia até hoje. Para quem não sabe, ele praticamente não utiliza dublês nas gravações. Isso significa, então, que quando ele se joga de um penhasco, é realmente o ator que está fazendo isso. Essas cenas, por sinal, são os momentos mais eletrizantes do filme, principalmente para quem sabe deste detalhe.
A dedicação dele em aprender novas habilidades para que seu personagem fique o mais real e palpável possível se traduz em cenas bem orquestradas de lutas, um envolvimento convincente, uma excitação completamente justificada. Não há como não respeitar Cruise como o ator fantástico que ele é.
Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 é uma verdadeira enxurrada de adrenalina para os fãs mais ávidos e ainda consegue fazer isso da maneira mais equilibrada e menos cansativa possível. Quem nunca viu os longas anteriores, vai curtir. E ele ainda consegue finalizar com dignidade, dando um encerramento e abertura de continuação para a Parte 2, que só será lançada no ano que vem. É uma maestria que poucos conseguem fazer.
Sustentar essa qualidade de filmes durante tantos anos é tarefa para poucos e arrisco dizer que esse é, provavelmente, o melhor filme da franquia, talvez perdendo apenas para o primeiro, por conta do senso de novidade. Vale ver mais de uma vez e você ainda ficará com o gostinho de querer rever a franquia desde o começo!
Direção: Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Marcin Dorocinski, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Christopher Sciueref
Assista ao trailer!