Meu Anjo

Crítica: Meu Anjo

Parte de Meu Anjo, filme de Vanessa Filho, é construído a partir da relação entre mãe, personagem de Marion Cotillard, e filha, a pequena Ayline Aksoy-Etaix, para logo em seguida o longa encontrar a sua temática e protagonista-solo. Trata-se de uma obra que aborda uma infância e como ela pode ser completamente corroída se desassistida.

No filme, Cotillard interpreta Marlène, uma mãe solteira sobrevivendo como pode na noite urbana. Marlène tem uma filha de oito anos chamada Elli, a quem chama de “meu anjo”. A garota acompanha com olhar atento e assustado o caminho que percorre sua mãe até que numa noite Marlène simplesmente desaparece e diante de sua ausência Elli acaba tendo uma jornada traumática, fazendo seu caminho cruzar com o de um ex-mergulhador.

O grande interesse do filme de Vanessa Filho é a pequena Elli, interpretada por Aksoy-Etaix. À semelhança de Projeto FlóridaMeu Anjo tem uma clara preocupação com o futuro de uma criança que cresce em uma dura realidade. Enquanto para os adultos, sua mãe Marlène e o mergulhador Julio, Elli parece uma tábua de salvação ou redenção de uma vida miserável marcada por erros, o destino da criança é jogado à própria sorte por uma infância marcada por agressões físicas e psicológicas e preconceitos.

Diferente do excelente trabalho de Sean Baker, o filme de Vanessa Filho é uma narrativa sem maiores respiros para sua pequena protagonista. Ao contrário da Moone de Brooklynn Prince em Projeto Flórida, Elli não tem válvula de escape, está realmente sozinha no mundo. Assim, Meu Anjo pode ser uma experiência dura para o espectador e, por vezes, sem um propósito mais claro além daquele de exibir uma realidade fadada ao trágico. As atuações de Marion Cotillard, Ayline Aksoy-Etaix e Alban Lenoir tem bons momentos, assim como a direção de Filho acerta quando assume a perspectiva da sua pequena protagonista. No entanto, fica o aviso de que é uma experiência extremamente dura de ser vivenciada de qualquer um dos lados da tela.

Assista ao trailer: