Kung Fu Panda 4

Crítica: Kung Fu Panda 4

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No ponto onde Po nos deixou no encerramento de Kung Fu Panda 3, não seria necessária uma outra continuação para a popular franquia de animação da DreamWorks (por sinal, uma das mais bem sucedidas do estúdio se pensarmos na equação popularidade e qualidade artística). Acontece que estamos falando de Hollywood e enquanto esses filmes faturarem alto nas bilheterias, o estúdio terá interesse em dar continuidade a esse universo, mesmo que isso, no futuro, comprometa a lembrança do legado dos filmes seminais com obras que já não tenham mais o que dizer sobre aqueles personagens. Infelizmente é nesse caminho que a indústria anda e isso não é exclusivo dessa franquia.

Kung Fu Panda 4 traz de volta para as telas o urso panda lutador de artes marciais no desafio de escolher um sucessor como dragão guerreiro enquanto se prepara para ser um líder espiritual como seu mestre Shifu. A jornada é difícil pois Po reluta em abandonar as suas funções e também porque ele se depara no caminho com a ameaça representada pela vilã Camaleoa (dublada por Viola Davis e aqui no Brasil por Taís Araújo), uma guerreira adepta da magia capaz de transformar-se em todos os inimigos contra os quais o herói já lutou.

Jack Black segue como o urso Po (no Brasil, Lucio Mauro Filho ocupa esta função), mas Kung Fu Panda 4 tem baixas a serem lamentadas no seu elenco. Personagens como a Tigresa, o Macaco, a Víbora, o Louva-Deus e a Garça não integram o novo capítulo da franquia de animação da DreamWorks, ou seja, consequentemente, o seu elenco de dubladores famosos como Angelina Jolie, Jackie Chan, Seth Rogen e Lucy Liu não retornaram. A julgar pela sinopse deste quarto capítulo, a ideia é dar continuidade ao universo com uma galeria nova de personagens a partir de uma renovação no elenco de coadjuvantes. A inserção da Raposa dublada por Awkwafina é uma dessas novidades mas, infelizmente, a participação e a interação da personagem como parceira de Po não surte o mesmo efeito da química já estabelecida entre o herói e seus antigos parceiros.

Kung Fu Panda 4

Quando comparamos esse quarto capítulo com a trilogia Kung Fu Panda que tínhamos até aqui, o filme soa como um episódio avulso extraído da série animada do personagem. A equipe da DreamWorks segue fazendo um trabalho técnico e criativo cheio de virtudes com este universo, utilizando muito bem as características dos animais que protagonizam a história em prol das sequências de ação e da criação dos seus poderes e características psicológicas. O problema é que o mote desse quarto filme é supérfluo demais se considerarmos a grande jornada empreendida pelo personagem nos três títulos anteriores, tornando este longa, em comparativo, inferior aos demais.

Kung Fu Panda 4 está bem aquém dos títulos antecessores, mas preserva algumas qualidades desses projetos que o transforma em uma sessão divertida. É menos vibrante, empenhado ou relevante que os demais, mas consegue encontrar algum carisma através dos seus personagens já estabelecidos. Resta saber se tal nível de tolerância poderá ser mantido diante do risco da franquia se transformar em uma espécie de Shrek cuja qualidade foi caindo vertiginosamente até macular a lembrança positiva do público com aquela série cinematográfica. É um risco de desgaste de imagem e popularidade que Hollywood incompreensivelmente parece não ver problemas em correr.

Direção: Mike Mitchell

Elenco: Lúcio Mauro Filho, Jack Black, Danni Suzuki

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