O mundo dos artistas musicais é um elemento constante em produções cinematográficas. A curiosidade sobre a rotina, bastidores e caminho para o sucesso rende roteiros interessantes e diferenciados. Podemos dar como exemplo o próprio Nasce Uma Estrela, Rocketman, Vox Lux – O Preço da Fama, dentre tantos outros. Em Espírito Jovem, a ideia é explorar o universos de concursos musicais juvenis e as motivações para participar desses eventos.
Na trama, com a ajuda de um mentor inusitado, Violet (Elle Fanning) entra para uma competição de música que, além do seu talento, vai testar sua integridade e ambição. Além disso, ela vai ter que lidar com sua mãe instável e as memórias afetivas de seu passado.
Uma história comum deve ter um diferencial ao ser contada, senão vira apenas mais uma na multidão. Infelizmente, essa não tem um apelo maior para o público. Violet é uma menina apática e sem encanto que possui uma linda voz, ainda que pouco treinada. Ela tem o desejo de participar do concurso que se chama Espírito Jovem e, assim, ficar famosa. Por trás deste sonho, ela deseja ficar visível para que seu pai, que foi embora sem dar notícias, a veja e entre em contato.
As motivações para Violet participar do concurso são reais, mas pouco aprofundadas. A sensação que fica para o espectador é que o filme passeia o tempo inteiro pela superfície, sem aprofundar os personagens e suas histórias. Falta mais tempo de tela para desenvolver melhor o roteiro. No entanto, dado a orientação de direção, temo que mais tempo não fosse resolver o problema.
Max Minghella, conhecido pelo papel em The Handmaid’s Tale, estreia na direção de maneira não tão positiva. Mesmo com as ótimas atuações de Elle Fanning (O Estranho que Nós Amamos) e Zlatko Buric (2012), não conseguimos nos conectar com os personagens. Esteticamente, o filme é realmente muito bom. O cuidado com as cenas, a mixagem de cores e sons, torna a experiência muito mais sensorial.
A última cena que é o ápice do concurso é realmente visceral. Ainda assim, não consegue salvar o marasmo do restante do roteiro. Em dado momento, ele tenta estabelecer essa dualidade da fama e a ambição como um possível ponto de mudança da protagonista. No entanto, faz uso de caricaturas excessivas, que tornam as cenas muito fora da normalidade do roteiro.
A alegoria de coadjuvantes é tão sem aprofundamento quanto o roteiro como um todo. Até mesmo Vlad, que faz uma tentativa de tecer mais informações sobre seu passado, é relegado ao esterótipo de bêbado que um dia foi incrível mas desistiu no meio do caminho. Nenhuma explicação é dada quanto a isso e o espectador fica realmente sem esse desfecho.
Espírito Jovem é um filme com potencial mas que tem medo de arriscar, ficando apenas na superfície. A falta de aprofundamento, seja na história ou nos personagens, é o que torna ele medíocre e pouco memorável. Uma pena!
Direção: Max Minghella
Elenco: Elle Fanning, Zlatko Buric, Rebecca Hall, Archie Madekwe, Millie Brady, Jordan Stephens, Agnieszka Grochowska, Clara Rugaard, Richard Leeming
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