2019 não começou bem para o terror. Desde a primeira estreia do ano, o público pôde vivenciar o mau agouro para o gênero através da péssima qualidade da primeira produção. Depois do horrível O Manicômio, a próxima estreia nos cinemas brasileiros é tão vergonhosa e falha quanto o longa alemão. Depois de A Noiva (2017), A Sereia – Lago dos Mortos se apresenta como mais um trabalho preguiçoso e mal elaborado no qual o diretor Svyatoslav Podgaevskiy não entrega nada além de mediocridade.
O novo longa de Podgaevskiy usa como premissa principal a figura mitológica da sereia. A temática faz sucesso há anos entre os mais diversos públicos e, recentemente, foi revitalizada com produções como a nova série Tidelands, da Netflix. Criar um terror a partir de uma história antiga e macabra como a das sereias é uma boa ideia, contudo, o filme teve uma péssima execução. Nessa quinta-feira (31), o brasileiro terá a chance de enfrentar mais uma sessão recheada de tenebrosos momentos entediantes e cheia de indignação pela falta de criatividade da produção russa.
A lenda das sereias assombra a civilização há centenas de anos. Acredita-se que, se um homem andar por um lago à noite, a sereia irá levá-lo. O jovem Roman (Efim Petrunin) e sua irmã, Olga (Sesil Plezhe), vivenciaram as consequências dessa história. Quando crianças, eles viviam com sua família numa casa perto de um lago. Numa noite, o pai deles enlouquece depois do acidente que levou a morte de sua esposa. Logo após o ocorrido, Roman e a irmã se mudaram e nunca mais viram o pai. Anos depois, Roman está prestes a se casar com Marina (Viktoriya Agalakova) e ganha a casa do lago como um presente de casamento do pai. No dia que ele decide visitar a casa, Roman descobre que a lenda da sereia é verdadeira e agora se vê aprisionado pela maldição. Marina, com a ajuda de Olga e um amigo de seu noivo, terá que descobrir o que mantém a criatura aquática viva para destruí-la e, só assim, conseguir salvar o seu amado.
O primeiro problema do longa já começa com a sua distribuição. Por algum motivo, decidiram que produções como essa e A Noiva, por exemplo, devem ser dubladas em inglês e legendadas em português. Se já não bastasse todos os defeitos que seriam enfrentados com a baixa qualidade do filme ao longo da sessão, o público brasileiro ainda ganhou de brinde a péssima dublagem. O que supostamente deveria funcionar como uma ajuda para tornar a película mais agradável acaba se tornando mais um agravante para que o espectador queira sair correndo da sala.
Outra questão problemática no longa é a direção. Svyatoslav Podgaevskiy tem se mostrado previsível desde seu primeiro longa-metragem do gênero. Suas decisões de enquadramento, estética e momentos de medo são completamente ultrapassadas e fracas. Não existe uma só cena onde o espectador não consiga imaginar o que vai acontecer em seguida. A sessão é tomada por uma inquietação seguida de indignação. Podgaevskiy falhou de novo e dessa vez – por incrível que pareça – foi ainda pior.
O roteiro é raso, confuso e se desfaz a todo segundo. As regras de nada servem, afinal, para estender o sofrimento do público, é preciso negar tudo que haviam mostrado até então. Dessa forma, as premissas estabelecidas ao longo da narrativa são quebradas numa espécie de loop sem fim – o qual só acaba após os sofríveis 90 minutos de duração. Natalya Dubovaya, Ivan Kapitonov e Podgaevskiy elaboraram uma história sem nenhum atrativo. Os roteiristas costuraram os acontecimentos de uma forma tão frágil e infantil que nem mesmo o apelo às sereias é capaz de salvar o longa.
O elenco de nada serve para salvar a história. A sua performance não é ruim como o resto da produção, mas é totalmente esquecível. Nem mesmo as cores usadas para estabelecer uma estética referente a criatura monstruosa e seu habitat servem para dar esperança a película. O filme agoniza do início ao fim. O grito de desespero clamando por ajuda ecoa pela sala de cinema e ele vem de todos que assistam a esse show de horrores. No final, A Sereia – Lago dos Mortos é mais uma da estreia de terror que só traz decepção.
Assista ao trailer!