A Pequena Sereia

Crítica: A Pequena Sereia

3.7

Ah, um boa surpresa! A Pequena Sereia é bem isso. Sou grande amante de live-actions, mas quando executados da maneira correta. Como sou bem saudosista, sempre prefiro aquele tipo de adaptação que segue fielmente o roteiro do original, pois desperta emoções que vivemos na infância. E por mais que eu tivesse com um pé atrás com esse longa, ele se provou super interessante e bacana de assistir.

Mas, primeiro, deixa eu explicar o motivo de meu pé atrás. As primeiras imagens e cenas que a Disney liberou me deixaram bem frustrada. A animação A Pequena Sereia é cheia de cores vivas e contrastes marcantes, algo que não apareceu nos trailers, com suas cores desbotadas e sombrias. Outro detalhe são os melhores amigos da protagonista, Linguado e Sebastião, que eram super expressivos, enquanto que no live-action eles pareciam provenientes da mesma cesta que saíram os animais da desnecessária adaptação de O Rei Leão. Por fim, a cor do cabelo de Ariel, que é de um vermelho sangue vivo no desenho e aqui era um ruivo laranja desbotado.

Com base em tudo isso, fui ao cinema com a expectativa lá embaixo, esperando uma bomba. Mas como é incrível ser bem surpreendida! A Pequena Sereia é uma graça de filme, da melhor maneira que eu poderia esperar. Eles conseguiram inspirar ainda mais interesse nos personagens a partir da acertada escolha de seu elenco. Ariel (Halle Bailey, As Férias da Minha Vida) é bem natural e traz uma leveza bem característica, sempre brincalhona e curiosa. Os seus amigos Linguado (Jacob Tremblay, O Quarto de Jack), Sebastião (Daveed Diggs, Soul) e Sabichão (Awkwafina, Podres de Ricos) são cheios de personalidade e conseguem driblar a naturalidade gráfica dos animais com expressões que surgem através da fala. Até o Rei Tritão (Javier Bardem, Duna), que é bem sisudo na animação, consegue arrancar risadas do espectador. O mesmo vale para a excelente vilã Ursula, interpretada com maestria por Melissa McCarthy (Thor: Amor e Trovão).

A Pequena Sereia

O longa navega então por mares conhecidos, seguido fielmente a animação e seu roteiro. A emoção de Halle em todas as cenas faz com que nós consigamos simpatizar ainda mais com a protagonista e pequenas mudanças de motivação da trama a deixaram menos machista. Aqui Ariel quer largar tudo para desbravar o mundo e conhecer novos lugares, não apenas correr atrás de um carinha que ela conheceu há um minuto. E isso dá um tom todo especial na trama.

A preocupação que eu tive com as cores não se sustentou, pois a Disney regulou tão bem a saturação que o filme é uma explosão de arco-íris (muito bem feita) nas nossas vistas. Músicas muito bem cantadas, cenas bem construídas e uma intensidade de emoções que nos faz comprar cada segundo do que vivemos ali. É como voltar ao tempo de infância e viver aquele sentimento de nostalgia gostoso.

Outro detalhe é que é maravilhoso ver a representatividade que ele traz, especialmente na sua protagonista. Não há nada que impeça Ariel de ser negra e o filme é a prova disso. Outros detalhes de personagens também trazem esta pauta, de maneira bem sutil e acertada, mostrando que a Disney tem mudado o seu perfil antigo, machista e racista, se atualizando aos novos tempos e necessidades. Já consigo visualizar as pequenas meninas negras querendo um aniversário da Pequena Sereia, com direito a cauda e peruca vermelha. E isso é incrível!

A Pequena Sereia tem lá seus problemas, claro. Existe um ar um pouco infantilizado que permeia algumas cenas e é desnecessário diante da forma como a trama foi construída. Ainda assim, não é algo que faça com que o todo seja prejudicado.  Trata-se de um live-action bem interessante, divertido e gostoso de assistir. Daqueles que a gente quer ver mais de uma vez!

Direção: Rob Marshall

Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy, Javier Bardem, Jude Akuwudike, Awkwafina, Jacob Tremblay, Daveed Diggs

Assista ao trailer!