Crítica: A Freira

Tendo Annabelle como seu momento mais fraco, de uma maneira geral, a leva de filmes derivados da franquia Invocação do Mal inaugurada por James Wan tem conseguido se manter criativamente relevante no cenário das produções comerciais de terror. Como nos longas da boneca amaldiçoada, A Freira utiliza outro elemento importante dos filmes do casal Warren, interpretados por Vera Farmiga e Patrick Wilson: a religiosa representada  no quadro que assompra a paranormal Lorraine. O resultado do projeto não é tão interessante quanto Annabelle 2, mas também foge por completo do resultado de Annabelle, se revelando um capítulo morno na história desses filmes, ainda que tenha seus acertos.

O filme se passa na Romênia, logo depois da Segunda Guerra Mundial, onde num convento localizado na proximidade de uma pequena cidade uma freira comete suicídio. O Vaticano acaba encaminhando para o local um padre experiente e uma noviça para que eles possam investigar os mistérios macabros que marcam a história do lugar. Chegando no local os dois acabam vivenciando uma série de eventos paranormais que se revelam como manifestações da presença de Valak, um poderoso demônio agora libertado que se materializa na aparência de uma freira.

A Freira é dirigido por Corin Hardy (A Maldição da Floresta) com uma burocracia decepcionante para um projeto que possui elementos tão ricos como seu cenário (a lendária Romênia, terra do Conde Drácula) e seu contexto histórico. Ainda assim, a condução não é marcada por nenhuma derrapada a ponto de ser convertida num filme execrável.

Do ponto de vista da construção da sua história, o longa consegue se localizar na série de filmes lançada por Wan, com inserções que nos remetem a Invocação do Mal no início e no desfecho. No entanto, A Freira perde inúmeras oportunidades para oferecer uma trama mais robusta, se apoiando basicamente nas manifestações sobrenaturais que aparecem para suas personagens e no tradicional cacoete dos sustos, que, nesse caso, produzem muito pouco efeito. Corin Hardy conta com atores interessantes no elenco, como Taissa Farmiga (irmã da Vera de Invocação do Mal) e Demián Bichir, mas o filme não traz nenhum momento particular que os faça brilhar.

No final das contas, A Freira se apoia numa história sem grande inventividade, oferecendo menos para a mitologia da criatura que os filmes anteriores desse universo. O resultado é uma grande promessa que não se cumpre, mas ainda assim proporciona uma sessão minimamente relevante se vivenciada como a experiência coletiva no cinema que produções desse gênero acabam se tornando.

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