Existem diversas maneiras de se contar uma história. Independentemente se um enredo é pautado diretamente em fatos da sociedade ou da criação da mente de algum artista, a narrativa precisa de recursos técnicos para ser desenvolvida e repassada.
No cinema de documentário, encontramos diversos caminhos utilizados para entregar informações para a plateia. Existe o chamado doc “cabeça flutuante”, é bem verdade, mas também é possível se encontrar docs mais criativos e inventivos.
Muitos realizadores se valem, por exemplo, de recursos da animação e da ficção. Todavia, não há problema algum em se pauta pela lógica máxima de que é melhor optar pelo simples bem feito. Diversas vezes, o básico é subestimado.
Ao assistir D de Eficiência é possível notar como o basilar pode ser um desafio para cineastas inexperientes. O curta-metragem de Tambla de Almeida é um exercício cansativo de paciência. Mesmo que tenha nas mãos um enredo importante, no qual a trajetória de alunes cegos da Ilha de S. Vicente, no Cabo Verde, é mostrada, o caos domina a sessão.
O amadorismo é palpável. É nítida a ausência de um roteiro, que revele o mínimo de fio condutor. A sensação é a de que a equipe do filme foi, intuitivamente, gravando o que ia encontrando de interessante dentro do ambiente de uma escola com estudantes cegos.
As sequências soam com arbitrárias e sem amarração. Além disso, nem mesmo a captura das cenas aleatórias é bem feita. A câmera vacila demasiadamente. Os estudantes não são microfonados ou estão pessimamente microfonados.
Há ruído no fundo que interfere na compreensão do que está dito. Por isso, falta entendimento do que é captura de imagem e de som, revelando esse amadorismo, que transborda da tela.
Para completar essa impressão de inexperiência, algumas sequências de transição possuem músicas que reiteram o sentido da imagem, diminuindo ainda mais a qualidade da obra. Por isso que, apesar de D de Eficiência contar com personagens que parecem interessantes, não existe forma da plateia se conectar com o curta.
Entre impossibilidade de escuta integral dos depoimentos, quadros tremidos e falta de roteiro condutor, o resultado da produção é lamentável.
Direção: Tambla Almeida