Dogman

Crítica: Dogman

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Em Dogman, Luc Besson (de O Profissional O Quinto Elemento) faz aquilo que seria seu filme sobre um chefe de máfia, mas passa levemente na contramão de uma tradição de longas do gênero. O cineasta coloca no centro das suas atenções um protagonista incomum para esse tipo de história. Douglas não se enquadra no estereótipo de “chefão” do crime, ele é um sujeito de saúde debilitada, preso a uma cadeira de rodas e que à noite performa em um bar de drags vestido de divas do cinema e da música, como Edith Piaf, Marlene Dietrich e Marilyn Monroe.

O que existe em comum na história de Douglas e de personagens emblemáticos do cinema de gângster como Dom Corleone (O Poderoso Chefão) e Jimmy Conway (Os Bons Companheiros) é que o personagem interpretado por Caleb Landry Jones no longa de Besson tem ao seu lado um grupo de comparsas bastante fiel e eficiente para pôr em prática seus planos contra seus desafetos. A gangue de Douglas em Dogman é formada por cães de todo tipo de raça e origem, animais com os quais o protagonista estabeleceu fortes laços de afeto desde a infância, quando foi abandonado cruelmente a própria sorte por seu pai no canil que existia no quintal da casa da sua família.

Dogman

Com Dogman, Besson faz um filme de premissa bem interessante ainda que durante boa parte do seu desenvolvimento o cineasta deixe algumas pontas soltas na construção dessa história. Existe no filme uma certa dificuldade para encontrar coesão em seu projeto narrativo. Em diversos momentos, o espectador fica incerto sobre qual é o exato propósito do diretor com essa narrativa: Besson quer contar a história de um outsider justiceiro urbano agindo contra a sociedade opressora que tanto lhe fez mal ou Douglas está simplesmente vivendo e se defendendo como pode desse sistema que cruza o seu caminho enquanto ele está se realizando pessoalmente nos palcos? A ideia central do diretor com Dogman não fica muito clara.

Besson cria na maior parte do tempo uma história envolvente, ainda que levemente desnorteada. Parte do êxito do projeto deve ser creditado ao desempenho de Caleb Landry Jones. O ator constrói um personagem tão crível e magnético que o público até esquece algumas das fragilidades centrais dessa história. Landry Jones é responsável por um trabalho cheio de detalhes na sua composição, trabalhando muito bem as emoções de um personagem movido por mágoas, mas também marcado por  uma instabilidade que o transforma em uma figura extremamente perigosa e imprevisível e que também sabe exibir sensibilidade e versatilidade nos palcos. É um desempenho que merece atenção e reconhecimento apesar das debilidades do projeto.

Direção: Luc Besson

Elenco: Caleb Landry Jones, Jojo T. Gibbs, Christopher Denham

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