Há exatos 20 anos, a primeira cópia de O Rei Leão era exibida para o público dos EUA. Uma duradoura, fiel e apaixonada relação entre cinéfilos de todo o mundo e essa que é uma das obras de animação mais cultuadas dos estúdios Disney tinha início. As plateias se emocionaram com o conto sobre a perpetuação do legado familiar e a relação entre pai e filho através da trajetória de amadurecimento do jovem príncipe leão Simba. Buscando inspiração na mais clássica tragédia shakespeariana, Hamlet, e na produção da própria casa, Bambi, O Rei Leão é um dos raros exemplares da estante dos clássicos Disney que não foi inspirado em uma história já pronta e também um dos projetos mais representativos da bem-sucedida safra do estúdio de animação nos anos de 1990, um renascimento iniciado com A Pequena Sereia em 1989.
O Rei Leão contava a história do leão Simba, filho do rei Mufasa. Movido pela inveja, Scar, irmão mais novo de Mufasa que vê em Simba a inviabilidade de um dia se tornar rei, planeja a morte do rei leão e do seu filho. Scar consegue realizar com êxito o assassinato do irmão, mas Simba sobrevive. O perverso leão então convence o filhote de que ele foi o culpado pela morte do pai e pede para que ele fuja das terras do reino. Simba cresce tentando esquecer o passado, mas assim que fica sabendo que o legado do pai foi destruído quando Scar assumiu o trono retorna para tomar o seu lugar e dar continuidade ao ciclo da vida.
O longa levou mais de três anos para ficar pronto, contando com um grupo de profissionais de mais de 800 animadores. A condução do projeto, desacreditado por muitos executivos do estúdio, foi dos diretores estreantes Rob Minkoff e Roger Allers. Os diretores utilizaram leões de verdade nos estúdios para reproduzirem com fidelidade toda a composição gestual dos animais do longa, um procedimento semelhante àquele que os animadores fizeram com atores para darem forma a Branca de Neve nos primórdios da Disney. Durante o lançamento de O Rei Leão, a Disney produziu um documentário apresentado por Robert Guillaume, dublador do babuíno Rafiki, que esmiúça esses e outros detalhes sobre a produção, confira abaixo:
Nas bilheterias, o filme foi uma das animações mais rentáveis dos estúdios Disney, faturando mais de US$ 1 bilhão em todo o mundo, número que só foi superado por outra animação somente em 2003, Procurando Nemo da Pixar. O filme foi relançado em 3D em 2011 em algumas salas de cinema de vários países, mantendo uma venda de ingressos relativamente alta para uma reexibição, o que inspirou o relançamento de outros longas distribuídos pela Disney no formato, como A Bela e a Fera e Procurando Nemo.
Como todo longa de animação do estúdio do Mickey Mouse, a trilha sonora foi um elemento fundamental para O Rei Leão. A trilha instrumental foi composta por Hans Zimmer (hoje habitual colaborador de Christopher Nolan) e as canções interpretadas pelos personagens são de autoria de Elton John e Tim Rice. Esse aspecto do filme, inclusive, o levou a ganhar duas estatuetas do Oscar, a de melhor trilha sonora original, para Zimmer, e a de melhor canção para “Can You Feel that Love Tonight”, tema de Simba e Nala. A canção disputou o prêmio com outras duas composições do longa, “Circle of Life” e “Hakuna Matata”. Com a mesma trilha do filme, a Broadway mantém desde 1997 uma versão musical do longa nos palcos, conduzida pela diretora Julie Taymor (dos filmes Frida e Across the Universe).
Por isso, nada melhor do que a trilha sonora de O Rei Leão para entender porque essa animação continua viva no coração e na lembrança de tantos cinéfilos que certamente tiveram sua primeira ou mais marcante relação com o cinema através dessa obra-prima: