Crítica: Capitão América 2 – O Soldado Invernal

Capitão América 2 - O Soldado InvernalApesar do inquestionável êxito financeiro da Marvel Studios na indústria cinematográfica com a construção filme após filme do projeto Os Vingadores, “subfranquias” como Homem de Ferro e Thor nunca conseguiram se firmar com universos próprios ou mesmo trazer algo de relevante que justificasse a reunião dos seus principais personagens em um único longa . De todos, Capitão América – O Primeiro Vingador era o filme mais consistente, tanto na composição de um universo próprio para seu protagonista quanto na existência de pistas plausíveis e coerentes com o grande evento que a Marvel pretendia fazer ao reunir Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Viúva Negra e Thor. Eis que Capitão América 2 – O Soldado Invernal é tão consistente na execução desses propósitos quanto a aventura solo anterior do seu protagonista.

Diretor do primeiro filme e cria de Steven Spielberg, Joe Johnston cede a cadeira para os irmãos Anthony e Joe Russo, que tinham no currículo a direção da comédia Dois é Bom, Três é Demais, com Kate Hudson, enfim, nada que enchesse os olhos. Para completar, com os eventos ocorridos no primeiro filme e em Os Vingadores, o Capitão América seria transportado, em seu segundo longa, para o tempo presente, perdendo o charme e o diferencial do personagem, o primeiro e único a protagonizar um filme de época no estúdio. Dessa forma, tudo indicava que Capitão América 2 – O Soldado Invernal seguiria a mesma trajetória monocórdica de Homem de Ferro e Thor. O que, ainda bem, não aconteceu.

Capitão AméricaO longa se passa logo após os eventos de Os Vingadores e mostra Steve Rogers, o Capitão América, tentando se adaptar ao novo século e exercendo uma função chave na S.H.I.E.L.D ao lado de Nick Fury e da Viúva Negra. Rogers então é surpreendido pela ameaça de um novo e misterioso agente e por conspirações nos mais altos cargos investigativos do governo norte-americano.

Capitão América 2 – O Soldado Invernal segue o esquema “quadradinho” da Marvel. O filme não surpreende esteticamente o espectador, nem subverte qualquer esquema narrativo conferido a histórias similares. No entanto, o longa é muito bem amarrado e consegue prender sequência a sequência o público com eventos que de fato conferem o grau de urgência e perigo necessário a qualquer história de super-heróis e que infelizmente foi esquecido gradualmente pelo estúdio. Em Capitão América 2 – O Soldado Invernal acontecem situações que deixam o espectador temeroso pelo destino dos personagens e faz, finalmente, surgir a necessidade de uma reunião de forças em Os Vingadores 2.

Capitão AmericaOs irmãos Russo conferiram uma atmosfera que, ainda que muito clean, passam para o espectador a precisa sensação de um thriller de conspirações políticas de mexer com os nervos de qualquer um. Chris Evans está mais uma vez excelente como Steve Rogers, incorporando com naturalidade os já conhecidos valores tradicionais do personagem que se contrapõem ao cinismo rotineiro dos seus companheiros de gênero. Scarlett Johansson, por sua vez, dá um grande salto na construção de sua Viúva Negra, que de fetiche em Homem de Ferro 2 conseguiu ganhar consistência e humanidade nesse longa. Já Samuel L. Jackson está habitualmente confortável na pele de Nick Fury, dessa vez ao lado de Robert Redford, que faz um personagem incomum em sua carreira, mas de maneira bem interessante.

Projetos ambiciosos como o projeto Os Vingadores merecem justificativas consistentes para sua existência. E se, até então, elas faltavam nos longas que a Marvel vinha apresentando ano após ano, fiquemos sossegados porque Capitão América 2 – O Soldado Invernal finalmente prepara o terreno para algo grande e realmente entusiasmador nesse universo tão peculiar de Stan Lee.

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