Os Últimos Românticos do Mundo

Festival Olhar de Cinema: Os Últimos Românticos do Mundo

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Quem nunca chorou assistindo aquela Sessão da Tarde que conta uma história romântica um tanto trágica? Utilizando legendas e dublagens iguais a da atração vespertina, juntamente com uma estética e músicas dos anos 1980, o diretor e roteirista Henrique Arruda conta em Os Últimos Românticos do Mundo a história de dois homens que se amam profundamente e aguardam o fim do mundo juntos. Os elementos estéticos chamam a atenção de cara. O rosa se sobressai na tela. A tonalidade que, quando usada por homens, muitas vezes, traz questionamentos sobre a sexualidade de quem a veste, aparece aqui preenchendo a tela e em favor da construção neste universo ficcional. Assim, Arruda não deixa escapar nenhum detalhe e põe a cor em destaque nesta distopia futurista.

Contudo, o que realmente importa aqui é o relacionamento do casal formado por Pedro (Carlos Eduardo Ferraz) e Miguel (Matheus Maia). Enquanto esperam o final da humanidade, eles aproveitam cada minuto que resta para se declararem e se amarem. As metáforas criadas pelo curta-metragem aprofundam as discussões sobre a homoafetividade e o romance. Progressivamente, é possível entender os diálogos da dupla, principalmente no final da projeção, quando o plot twist mostra o que de fato está acontecendo. Quando as sequências estão voltadas para eles, a produção cresce, porque o cuidado com o enredo parece ser maior. É também quando a exibição se torna mais divertida, através de múltiplas linguagens, incluindo a do videoclipe.

No entanto, é preciso pontuar que o texto fica um pouco ingênuo nas interações de Pedro e Miguel com outras personagens. A qualidade da interpretação também cai consideravelmente. Falta verdade na forma de expressar as palavras, por isso soa um tanto artificial escutar certas frases, como na interação de Miguel com a mãe. Os dois não conseguem jogar e deixam uma sensação quase de contação de histórias em suas intenções. A interpretação pede por uma compreensão dos tons necessários e isto vem do entendimento do texto e da própria direção de ator. Ainda que o exagero faça parte da estratégia narrativa, essa dose se perde e ultrapassa a medida quando se vê Pedro ou Miguel conversando com outras pessoas.

Apesar destas pequenas quedas, Os Últimos Românticos do Mundo consegue imprimir nostalgia, amor, diversidade e alegria em um filme sobre um apocalipse rosa, que vai transformar o Planeta. Evocando recursos técnicos – como cortes abruptos que aconteciam em transmissões de filmes na TV – e discursivos, a obra traz um resultado equilibrado e que pede uns lencinhos do lado em seu desfecho.

Direção: Henrique Arruda

Elenco: Carlos Eduardo Ferraz, Matheus Maia, Sharlene Esse

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