Enraizadas

Festival Olhar de Cinema: Enraizadas

2.5

Narrando a história das tranças nagô e das próprias personagens que aparecem no filme, Enraizadas procura misturar os relatos com sequências leves e divertidas, que demonstram o empoderamento dos indivíduos apresentados na narrativa. O documentário consegue administrar bem a maneira como os conteúdos estão entrelaçados, evocando a questão da ancestralidade e como ela chega na vida das famílias negras ali apresentadas e através de seus ofícios que esta ligação é feita.

O ponto alto da projeção fica pela escolha das entrevistadas. As mulheres possuem um forte carisma e contam suas trajetórias com bastante vigor, mas também cuidado em não deixar os detalhes de lado. Os cortes trazem fluidez para este enredo, que coloca como quebra e instalação de ritmo danças e rostos em close, com fundos coloridos. Todos estes elementos criam uma dinâmica maior para o documentário, como se fosse um desejo não apenas revelar textualmente o passado, presente e, talvez, o futuro das traças no Brasil, mas também imageticamente.

No entanto, apesar da leveza e dinamicidade, a produção não consegue ir muito longe. Com um desfecho um tanto abrupto, o espectador pode ficar com uma sensação de vazio após a exibição. Apesar do tema ser posto de maneira clara e haver esta tentativa de imprimir uma ilustração da atividade de traçar cabelo, a conexão entre as duas coisas se esvai. Não há algo que amarre os elementos postos na trama, seja com o que já existe ali ou com o que poderia existir ainda.

Outro fator que gera certo incômodo é a ausência de mais figuras para fomentar o que a obra deseja passar. Se apenas Enraizadas for avaliado, ficará uma sensação de que é algo muito particular, quando, na verdade, é algo mais amplo e outros contextos poderiam ser explorados, deixando-o mais enriquecido.

Direção: Julia Nascimento, Gabriele Roza

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