Além de Tudo, Ela contando a história da primeira mulher negra a se forma em engenharia civil, na Universidade Federal do Paraná, a Enedina Marques. O curta-metragem procura remontar os passos de sua vida. Para realizar tal intento, são elencados três relatos de pessoas com pontos de vistas distintos sobre Enedina: o da sua sobrinha, Lizete Marques; a do professor Sandro Fernandes; e o de Mirela Goncho, integrante da família que acolheu a Enedina para que ela pudesse estudar com mais tranquilidade.
Enquanto cada entrevistado aborda aspectos da trajetória de Enedina, é possível ver alguns seus documentos, como certidão de nascimento e algumas fotos. Através destas personagens e destas imagens antigas que aparecem na tela, o espectador consegue remontar um pouco dos passos da vida desta personagem. No entanto, há um quê de distanciamento na obra, que afasta o público de quem foi de fato esta mulher. A sua sobrinha conviveu pouco com ela, o professor a descobriu faz pouco tempo e emprega um olhar de pesquisador e Mirela era muito criança quando conviveu com Enedina. Assim, resta uma sensação de que faltam peças do quebra-cabeça para existir uma reconstrução mais profunda desta personalidade que parece tão forte e revolucionária para sua época.
Talvez, tenha faltado para a equipe do filme investigar com mais afinco formas de aproximar quem assiste a projeção desta figura. No final da exibição, por exemplo, é exibida uma cartela que informa alguns projetos dos quais ela fez parte. Ir nestes lugares poderia ser uma opção para ilustrar com mais criatividade e complexidade o trabalho de Enedina. Este é o ponto central desta obra, há uma ausência de energia para a realização de um conteúdo menos raso. Além disso, a produção fica devendo uma tentativa de explorar outras possibilidades narrativas.
Direção: Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni
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