Pausa Para o Café

Festival de Brasília: Pausa Para o Café

2.5

Apesar de sua pouca duração, é curioso observar como Pausa Para o Café consegue construir uma progressão cuidadosa. Dirigido por Tamiris Tertuliano, o curta-metragem revela, lentamente, o conflito central e a relação das duas personagens principais, o espectador tem contato primeiro com a voz de uma das mulheres. O que fica posto, logo de início, é que há alguma espécie de embate entre as duas, uma que pede, a outra que nega.

Além disso, tem-se também um bom estabelecimento de atmosfera. Sabe-se que a conversa se passa na parte externa de uma fábrica. A escolha em colocar do lado de dentro e a outra fora da grade contribui para o clima existente ente elas, onde há uma barreira física e uma metafórica. Aos poucos, a descoberta temática é revelada e a selagem de uma trégua é alcançada. Esta exposição gradativa dos fatos é o maior mérito deste curta-metragem.

No entanto, alguns incômodos acabam por comprometer o resultado geral do filme, a começar pela decupagem. Alguns planos parecem um tanto apelativos. Em certos closes, a sutileza se perde, enfraquecendo a própria proposta que a equipe parece desejar realizar, pois destoam do tom geral existente no enredo. Os olhares das atrizes ainda não chegaram no ápice da sensação de suspensão e já está se vendo uma proximidade de suas expressões faciais que ainda não evocam desespero ou rancor. O quadro fechado, assim, imprime uma desconexão com a situação exposta. Além disso, a produção possui movimentos que mais afastam o público do que o coloca imerso na história, como a escolha de usar câmera na mão.

Outro elemento que poderia ter sido mais bem executado em Pausa Para o Café é o desfecho da obra. Se durante a projeção fica estabelecido este jogo de revelações gradativas, ele é rompido por uma virada instantânea, na qual a protagonista muda de opinião, após uma frase específica da mulher que dialoga com ela. A ligação pela maternidade e pelo clamor expressivo de uma, não consegue justificar este clique imediato, já que a personagem principal estava irredutível.

Direção: Tamiris Tertuliano

Elenco: Maya, Rosana Stavis