O Coisa de Cinéfilo está reunindo as principais categorias de indicações do Oscar 2019 e fazendo uma breve análise sobre os concorrentes. Por aqui, olho de perto as cinco atrizes que disputam a estatueta dourada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, sendo elas: Marina de Tavira, por Roma; Emma Stone e Rachel Weisz, por A Favorita; Regina King, por Se a Rua Beale Falasse e Amy Adams, por Vice.
A categoria de coadjuvante é importante pois oferece suporte fundamental para os papéis principais. São elas que vão ajudar a tecer a trama e conduzir a história para onde ela deve caminhar. A maioria das atrizes em questão o fazem tão bem que, em alguns momentos, conseguem brilhar mais que os protagonistas, presenteando os espectadores com grandes atuações.
Com estilos de filmes bem diferentes (com exceção de Stone e Weisz que estão concorrendo pelo mesmo longa), as atrizes nos apresentam atuações muito distintas e contundentes. O perfil de mulheres fortes, no entanto, é um ponto comum entre todas. Suas personagens são precisas, articuladoras, humanas, vorazes e descobrem, ao longo das histórias, toda a força que carregam em si. Por isso, essa é uma categoria que merece muito a atenção do espectador, pelo alto nível dos trabalhos.
5 – Marina de Tavira, por Roma
A atriz Marina de Tavira é a concorrente de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme Roma, um dos mais fortes da premiação. Ela, no entanto, é o ponto mais fora da curva desta categoria, deixando alguns críticos intrigados com a sua nomeação. Marina interpreta a patroa no longa citado e tem uma progressão interessante na trama, saindo da mulher iludida para aquela que percebe a sua força e passa a mandar na situação. A questão, no entanto, é que não é uma atuação memorável ou de grande destaque. O filme Roma, como um todo, não favorece os atores, já que o foco é mesmo na incrível direção de Alfonso Cuarón. E se a protagonista já deixa a dúvida se realmente merecia a indicação, a coadjuvante certamente não deveria estar nesta posição. Soa mais como um hype da academia que realmente gostou muito do filme e quis incluí-lo em tudo que podia.
4 – Emma Stone, por A Favorita
Emma Stone surge como uma das concorrentes do filme A Favorita nesta categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Ela interpreta Abigail, uma jovem de origem humilde e alpinista social que vai construindo seu caminho no palácio da rainha Ana e ganhando notoriedade. Esperta e ambiciosa, logo ela começa a criar problemas que vão trazer algum benefício para si. Emma está em um bom momento de sua carreira, vindo de longas como Guerra dos Sexos e La La Land – Cantando Estações, além de já acumular, aos 30 anos, diversas indicações em premiações importantes. No entanto, seu papel em A Favorita, embora muito bom e preciso, tem muito de sua personalidade. Somos lembrados o tempo todo de que é Emma Stone interpretando aquela personagem. E por isso, coloco ela na 4ª posição na corrida pelo Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Seria preciso diversificar um pouco mais seu estilo de atuação para conquistar ainda mais o espectador.
3 – Regina King, por Se a Rua Beale Falasse
A atriz Regina King interpreta a mãe dedicada e forte da protagonista de Se a Rua Beale Falasse, um longa que fala sobre o racismo presente na sociedade, dando foco em um período pesado dos Estados Unidos. King está completamente de corpo e alma no papel, brilhando em cada cena que aparece e ajudando a conduzir a trama. Ela é sofrida e forte, ao mesmo tempo. Daqueles personagens que passam por momentos difíceis, mas não se deixam abalar a maior parte do tempo. Ela ganhou, inclusive, o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante no início do ano pelo papel. O que a faz descer um pouco na minha lista é o tempo em tela. Por mais incrível que seja sua atuação, Regina some boa parte do filme e até mesmo suas cenas são breves. Talvez, se somar o tempo, ela não tenha mais de 10 minutos no total. A sensação que fica para o espectador é “quero mais”, “preciso de mais”. Embora ainda acredito que ela seja uma forte concorrente e tenha chances reais de ganhar, por aqui eu vejo por bem colocá-la na terceira posição.
2 – Amy Adams, por Vice
A candidata ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante do filme Vice é Amy Adams. No longa que conta a história de Dick Cheney, ex-vice presidente dos Estados Unidos na época de George W. Bush, ela interpreta a esposa do político. Muito além de uma companheira, Lynne Cheney é uma articuladora voraz e tem protagonismo importante na história. Adams confere seu tom ao papel, mas dando espaço suficiente para que a personagem da vida real se manifeste. Este não é o melhor papel de sua carreira, é verdade, mas isso não tira o brilho do que nos foi apresentado. Amy está completa como Lynne e funciona ainda melhor como parceira em tela de Christian Bale, que vive Dick nas telonas. A evolução da personagem na trama é ótima de se acompanhar, tornando-a uma boa candidata ao prêmio.
1 – Rachel Weisz, por A Favorita
No longa A Favorita, a atriz Rachel Weisz interpreta Lady Sarah, uma duquesa influente e braço direito da rainha Ana – vivida por Olivia Colman -, que manipula a monarca em benefício próprio, além de nutrir um sentimento profundo de amor pela mesma. Weisz, que é a segunda concorrente do longa, está em um dos seus melhores papéis. Ela consegue criar todos os tipos de sentimentos no espectador, que a ama e a odeia na mesma proporção. A medida que a personagem evolui e vai mostrando suas camadas, vemos a fragilidade e força da mesma. Somos presenteados a todos os momentos com grandes cenas e uma atuação impecável. Embora não seja exatamente a favorita a ganhar a estatueta nesta categoria, Rachel se mostra a maior merecedora, por um trabalho forte, contundente e sem arestas. Seria uma escolha honrosa da Academia.