2019 pode ser o ano que consagrará uma das maiores atrizes que o cinema já teve e que nunca levou a estatueta do Oscar. Pode ser o ano também que terá como vencedora da estatueta uma estrela da música pop, seguindo os passos de Cher. Uma inglesa que surge aos holofotes ou uma popular comediante num papel dramático também podem ser as vencedoras da noite. A Academia também pode fazer história dando a estatueta para uma atriz mexicana descendente de índios. Os cinco nomes que concorrem ao Oscar de melhor atriz em 2019 podem construir uma bela narrativa ao vencer o prêmio. Confira quem são elas e quais as suas chances:
Glenn Close, por A Esposa
Para os que acharam a vitória de Leonardo DiCaprio no Oscar por sua interpretação em O Regresso tardia, há mais de três décadas a veterana Glenn Close espera pelo prêmio. A atriz já foi indicada ao Oscar seis vezes antes de A Esposa, incluindo nessas menções dois de seus desempenhos mais reverenciados, em Atração Fatal de 1987, pelo qual perdeu a estatueta para Cher em O Feitiço da Lua, e Ligações Perigosas de 1988, numa edição do prêmio que deu a vitória para Jodie Foster em Acusados. No drama de Björn Runge, Close interpreta a esposa de um renomado escritor que viaja com o marido para Estocolmo a fim de prestigiar a cerimônia de entrega do prêmio Nobel de literatura para ele. Gradualmente, essa mulher começa a questionar tudo aquilo que abdicou em nome desse matrimônio. Diferente dos seus desempenhos mais célebres, incluindo a icônica vilã Cruela DeVil de 101 Dálmatas, a interpretação da atriz em A Esposa é marcada pela economia, pelas reações de suas personagens aos demais e pelo esboço de reações que contrariam aquilo que ela verdadeiramente sente. É discreto e algo que somente uma atriz do calibre de Close conseguiria transmitir. Tendo vencido o SAG Awards, premiação do sindicato dos atores, o Critic’s Choice e o Globo de Ouro, podemos dizer que, até o momento, Glenn Close está na dianteira da corrida pelo Oscar de melhor atriz.
Lady Gaga, por Nasce uma Estrela
A principal concorrente de Close é Lady Gaga, que, assim como Cher em 1987, pode tirar o favoritismo da veterana. Estreando nos cinemas com a quarta versão para os cinemas de Nasce uma Estrela após vencer o Globo de Ouro de melhor atriz com a 5ª temporada de American Horror Story, Gaga vive Ally, uma personagem que tem paralelos com a própria trajetória da cantora. De revelação, a jovem compositora e cantora é lançada ao estrelato pop após ser descoberta por um músico interpretado por Bradley Cooper. Nessa mesma edição do Oscar, Gaga concorre ao prêmio de melhor canção pelo hit “Shallow” e deve levar esse prêmio, o que pode ser uma vitória de consolação na cabeça dos votantes, que se sentiriam desobrigados de premiá-la também como melhor atriz. A questão é que apesar de Close ser veterana na sua arte, não teve um nome mais presente na temporada de prêmios de 2019 que Lady Gaga, que se esforçou ao máximo para promover o seu filme em todas as circunstâncias na qual foi convocada para falar sobre sua experiência em Nasce uma Estrela, que, diferente de A Esposa, concorre ao prêmio de melhor filme. Poderia Gaga repetir o feito de Cher, conseguindo algo que Madonna e Beyoncé não conquistaram?
Olivia Colman, A Favorita
Olivia Colman é daquelas atrizes amadas pelo circuito de festivais de cinema que o grande público finalmente conhece através de um desempenho indicado ao Oscar. Em A Favorita de Yorgos Lanthimos a inglesa interpreta a Rainha Anne, objeto de cobiça de duas mulheres (Rachel Weisz e Emma Stone) que cobiçam o poder através do estreitamento da relação com a monarca. Colman brilha na pele de uma mulher repleta de problemas físicos e emocionais cuja imaturidade era um traço típico dos reis de sua época, que assumiam uma grande responsabilidade, mas tinham pouquíssima experiência para carregá-la. Pelo seu desempenho em A Favorita, Colman venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza, sendo um dos nomes que deu o pontapé na temporada de premiações em agosto de 2018, mês no qual os especuladores do Oscar já começaram a enxergá-la como provável indicada ao prêmio. Dito e feito. Após desempenhos marcantes e premiados como no drama Tiranossauro e participações em filmes como A Dama de Ferro e Chumbo Grosso, finalmente Olivia Colman ganha o destaque que merece. Pode correr por fora na disputa pois venceu os prêmios de melhor atriz em comédia ou musical no Globo de Ouro e no Critic’s Choice Awards.
Melissa McCarthy, Poderia me Perdoar?
Comediante popular em Hollywood, Melissa McCarthy não precisou esperar por um “drama sério” para enfim ser reconhecida pela Academia. Logo em 2012, a atriz conseguiu sua primeira indicação ao prêmio como melhor atriz coadjuvante por Missão Madrinha de Casamento, um hit de Paul Feig que a catapultou como um dos nomes mais rentáveis do gênero com longas como A Espiã que Sabia de Menos e As Bem-Armadas. Em Poderia me Perdoar? é que McCarthy exibe uma faceta mais dramática interpretando uma renomada escritora que entra para o mercado da falsificação de artigos para colecionadores de objetos relacionados ao universo das artes. Na pele de Lee Israel, McCarthy dá a complexidade necessária para a personagem, lidando com sua incapacidade de articular-se socialmente, por exemplo. O filme vem num bom momento da carreira da atriz, que, curiosamente, acaba de amargar o fracasso comercial de Crimes em Happytime e Alma da Festa, que lhe renderam indicações ao Framboesa de Ouro de pior atriz nesse mesmo ano do Oscar.
Yalitza Aparicio, Roma
A mexicana Yalitza Aparicio estreia no cinema em Roma, um dos grandes destaques do Oscar desse ano. Para muitos que esperavam nomes como Nicole Kidman (O Peso do Passado), Charlize Theron (Tully) ou Emily Blunt (O Retorno de Mary Poppins) foi uma das surpresas da categoria, principalmente pela atriz ter sido pouco citada em outras premiações como o Critic’s Choice, Globo de Ouro ou SAG Awards, fortes indicadores do Oscar. No longa, Aparicio interpreta a funcionária doméstica de uma casa de família de classe média no México dos anos de 1970. Por sua indicação ao Oscar, Yalitza tem chamado a atenção no seu país natal, sendo agora cortejada por uma das maiores emissoras de TV, a Televisa, responsável por telenovelas populares aqui no Brasil como Maria do Bairro e A Usurpadora. Aparicio é a segunda mexicana a concorrer ao Oscar de melhor atriz, a primeira foi Salma Hayek por Frida em 2003, e a primeira indígena a estar na categoria. Acredita-se que seja a candidata com menos possibilidade de vitória na lista por ter sido o nome recepcionado com mais surpresa. A presença de Yalitza na lista, todavia, indica que a Academia gosta muito de Roma e que o filme pode ter chances concretas na categoria melhor filme.