Há dez anos o mundo se encantava com a excelência de um dos melhores trabalhos da carreira do diretor, roteirista e produtor Christopher Nolan (Amnésia, de 2000, e A Origem, de 2010). The Dark Knight (título original) se tornou um dos mais aclamados trabalhos dentro do universo dos super-heróis, fazendo com que este arrecadasse pouco mais de 1 bilhão de dólares, concedendo a produção a atual posição de 35º lugar na lista de maiores bilheterias da história do cinema – sendo sete dos seus antecessores filmes de super-heróis e o sétimo sendo a própria continuação dessa franquia (O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de 2012).
O Cavaleiro das Trevas chegou aos cinemas no dia 18 de julho de 2008 com o propósito de marcar gerações, criar um novo legado para as adaptações da DC e, acima de tudo, mostrar o potencial de um dos mais famosos e amados justiceiros dos quadrinhos. O homem-morcego, encarnado pelo fantástico Christian Bale (Psicopata Americano, de 2000, e O Vencedor, de 2010), é, sem sombra de dúvidas, a melhor interpretação já feita dessa personagem. Com todo o respeito e consideração a todos os grandes atores que já viveram o vigilante noturno, Bale deu ao Batman a seriedade, maturidade e o ar sombrio que sempre faltou.
Graças ao direcionamento espetacular de Nolan, a trilogia do Batman emplacou uma nova perspectiva sobre a história de Bruce Wayne e o seu desejo de vingança. A névoa sombria que paira sobre esses três filmes é o seu maior diferencial quando comparado com os outros trabalhos. Além desse acerto, o diretor sabe muito bem como coordenar belíssimas cenas de ação. E, por conta de um roteiro muito bem cuidado e pensado, as falas do longa-metragem ecoam pela memória dos fãs que, ao lembrarem delas, se arrepiam. Atrelado a todas essas qualidades técnicas, o elenco que rege a orgânica e equilibrada trama é simplesmente espetacular. Ao lado de Bale como o próprio cavaleiro das trevas, temos a genialidade de Gary Oldman como o Comissário James Gordon; o talento de Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes; as lendas Michael Caine e Morgan Freeman interpretando, respectivamente, Alfred Pennyworth e Lucius Fox; e ainda a performance acertadíssima de Aaron Eckhart ao dar vida para o promotor Harvey Dent e o Duas-Caras, a sua versão transtornada e perversa.
Existe mais uma herança interpretativa que merece um destaque especial. Em seu penúltimo trabalho, o ator Heath Ledger agraciou o mundo com a sua arte. Dentro desse nebuloso mundo de Gotham, Ledger entrou ao público um Coringa para se guardar na memória. A interpretação do jovem ator foi magistral, uma das melhores de sua carreira, concedendo-o, inclusive, um Oscar póstumo de Melhor Ator Coadjuvante. A maneira como o ator australiano interpretou o rival mor do homem-morcego é indescritível. Seu gestual, sua voz e aquele olhar insano são a marca registrada do seu Coringa. Improviso, aprofundamento e dedicação são algumas das melhores definições para o legado deixado por Heath Ledger em sua monumental atuação como o mais amado vilão de Gotham City.
Toda essa produção de excelência teve seu fim com a continuação da película em questão, deixando o público com um desejo insaciável de “quero mais”. Desejo esse que, infelizmente, ainda não foi satisfeito. Desde o fim da trilogia de Nolan, a DC vem, com todo aparato da Warner Bros. Pictures, tentando dar segmento as histórias dos principais heróis da DC Comics. Contudo, a maior parte das tentativas não foram tão bem-sucedidas. Apesar de não estarem tão longe nessa jornada para achar sua identidade, é necessário que a DC e Warner encontrem logo o seu lugar para que acendam mais uma vez a chama de interesse criada com a trilogia do Batman. Independentemente de qualquer futuro sucesso ou insucesso, ninguém esquecerá da emoção que foi ver O Cavaleiro das Trevas ganhando vida na telona.