Wish - O Poder dos Desejos

Crítica: Wish – O Poder dos Desejos

2

Os créditos finais de Wish – O Poder dos Desejos denuncia o contexto da mais recente produção animada dos estúdios Disney: o longa é uma encomenda comemorativa pelos 100 anos da companhia do Mickey Mouse. Enquanto os nomes dos envolvidos passam na tela, são exibidos personagens que formaram o catálogo do estúdio na ordem cronológica do lançamento dos seus respectivos filmes. Além dessa afetuosa inserção ao legado do estúdio, ao longo da história, o espectador reconhecerá referências a filmes como Peter Pan, A Pequena Sereia e Cinderela e, claro, a maior delas é um dos seus personagens principais da história, uma simpática estrela dos desejos. A estrela dos desejos de Wish unifica os contos de fadas que formaram a filmografia da Disney a partir dos seus principais elementos: a magia, o encantamento, os sonhos.

Wish – O Poder dos Desejos conta a história de um reino governado por Magnífico, um mago ditador que controla o destino de toda a população local ao aprisionar seus desejos. Quando a verdadeira natureza do governante é descoberta por uma jovem que se frustra ao constatar que o sonho do seu avô jamais poderá ser realizado, os dias de reinado do mago passam a ser ameaçados, sobretudo porque ela contará com a ajuda de uma estrela dos desejos.

No intuito de fazer de Wish – O Poder dos Desejos uma homenagem a sua própria trajetória, a Disney não consegue dar qualquer senso de originalidade e profundidade ao filme. Wish soa como um filme banal, com trama protocolar e personagens pouco carismáticos que mais parecem rascunhos do passado do estúdio. Há no filme um esforço bem tímido de unificar a filmografia da Disney com motes e ideias que seriam a gênese ou assinatura do estúdio, mas é tudo muito discreto e esse conceito jamais atinge a sua potencialidade de fato.

Wish - O Poder dos Desejos

Para além do caráter simbólico da representação do legado de 100 anos da Disney, o ponto “fora da curva” que faz Wish ganhar algum senso de relevância na história recente do estúdio é a estética da animação. Wish faz uma interessante união entre animação 2D e 3D com traços originais que a distinguem da própria assinatura visual do estúdio, que tende para uma homogeneidade em suas diferentes eras. Aqui, de fato, são empregadas cores e formas que singularizam o trabalho dos animadores e dão personalidade ao projeto.

No mais, é uma pena que algumas ideias ensaiadas em Wish – O Poder dos Desejos , sobretudo esse mote de unificar o legado da Disney em um pretenso “universo compartilhado”, jamais ganhe qualquer impulso na tela. Pela primeira vez em anos, vemos uma protagonista cuja história não consegue envolver e consequentemente não nos faz torcer pelo seu êxito, um vilão sem carisma e números musicais que não fazem a gente sair da sessão com suas canções reverberando em nossa memória. É um pouco embaraçoso que justamente a animação que serve para celebrar o legado Disney seja um dos seus projetos mais esquecíveis.

Direção: Chris Buck, Fawn Veerasunthorn

Elenco: Ariana DeBose, Chris Pine, Alan Tudyk, Angelique Cabral, Victor Garber, Natasha Rothwell, Jennifer Kumiyama, Harvey Guillen, Niko Vargas

Assista ao trailer!