Uma Quedinha de Natal

Crítica: Uma Quedinha de Natal (Netflix)

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É chegada a temporada de filmes natalinos, cheios de clichês costumeiros, mas com aquela possibilidade de se encontrar uma farofa que deixa um final de tarde mais leve, por exemplo. Em Uma Quedinha de Natal tudo que se espera do subgênero está lá: plot megalomaníaco, mocinha desamparada, magia, um crush solitário, piadas, romance etc. A maior diferença talvez seja o retorno de Lindsay Lohan (Operação Cupido) aos filmes, após quase 10 anos de sua última aparição neste formato.

No entanto, ver Lindsay atuando em um novo longa-metragem é, de fato, a melhor parte da sessão. A obra falha em um dos pontos cruciais para uma comédia romântica de final de ano: a química do ship central. Contracenando ao lado de Chord Overstreet (Glee), Lindsay parece se esforçar para tentar imprimir uma dinâmica de formação de par romântico com seu colega de cena. O mesmo ocorre com o roteiro, que coloca a dupla em sequências doces, que fazem com que as personagens criem uma conexão, mas as tentativas são inúteis. 

Em parte isto acontece pela pouca expressividade de Overstreet, que apesar de ter uma voz bonita, nunca se deu bem na prática de revelar emoções através da sua face e gestos corporais, sendo muito mais um cantor do que ator. Outro fator determinante para que a ligação entre o casal Sierra (Lindsay) e Jake (Chord) não possua tanto efeito é que a premissa de Tad (George Young), o namorado fútil de Sierra, tem um desenvolvimento mais bem trabalhado dentro da trama. 

Tad é o típico “boy lixo” contemporâneo, daqueles bastante autocentrados, o que por aí, já rende risadas pela identificação destes tipos, que são uma espécie de mal deste início de século. Além disso, as aventuras vividas pelo rapaz surtem mais efeito e podem ganhar um empatia mais intensa do público. Porque há uma exploração mínima de camada dele, fazendo com que algumas emoções diferentes de Tad surjam durante a exibição. O contrário pode ser dito de de Jake, que fica apenas em uma nota, com a mesma tonalidade de voz e pouco espaço para revelar outros tipos de característica de sua personalidade que não seja a de pai fofo.

Uma Quedinha de Natal

Ainda assim, Lindsay não entrega um resultado negativo em Uma Quedinha de Natal, mesmo que o seu par seja fraco. Em termos de enredo não há muito o que se esperar e o roteiro segue a mesma fórmula de comédias românticas protagonizadas por personagens femininas ricas. Elas sempre vão da futilidade e do amor aos looks para o aprendizado sobre afazeres domésticos e de como elas podem ser mais afáveis com todes ao seu redor. Neste sentido, entre a exposição do conflito até a sua solução, os eventos são bastante óbvios, principalmente quando se trata da história central, que é a de Sierra. 

Neste contexto, talvez o mais divertido seja observar o trabalho da equipe de arte, que consegue criar uma ambientação natalina bem forte. Não há nada de distinto do que já se conhece como temperaturas, cenários, figurinos etc desta época do ano, porém o clichê é bem feito de tal maneira que as ligações entre as personagens e suas personalidades são todas colocadas em cena, juntamente com o espírito de Natal. Um exemplo é que quando Jake encontra Sierra pela primeira vez ele está de azul e ela de vermelho.

Ao final do longa, ambos estão de verde, com algo vermelho por dentro da roupa. Estas pequenas estratégias criam a aproximação entre o casal, que fica distante na interação entre Lindsay e Chord, mas que está presente na obra de alguma maneira, pelo menos. Assim, Uma Quedinha de Natal decepciona por não empolgar o espectador para torcer pelo par romântico principal, mas não chega a ser exatamente péssimo.

Direção: Janeen Damian

Elenco: Lidsay Lohan, Chord Overstreet , George Young

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