Crítica: Um Estado de Liberdade

O fazendeiro Newton Knight é o responsável por reunir, durante a Guerra Civil Americana, um grupo de desertores que lutam por melhores condições e reconhecimento de direitos básicos na época. Além disso, o enredo nos apresenta questões raciais e um cenário de décadas de distância, com a descendência do personagem principal. Sim, o filme é tão confuso quanto soa. E tão monótono quanto não deveria ser.

Ainda que o diretor Gary Ross se esforce, nos apresenta uma condução de roteiro completamente apática e dispersa, sem sentido e foco preciso. O protagonista começa como um enfermeiro de guerra dedicado e rapidamente evolui para um combatente e desertor. A velocidade com que os fatos se desenvolvem não permitem que a narrativa seja bem construída, confundindo o tempo todo o espectador.

O roteiro é literalmente um vai e vem sem propósito que perpassa por diversos temas até se fixar em um, no finalzinho do longa, quando já cansou o espectador o bastante. E isso apenas contribuiu para que o protagonista seja raso. Matthew McConaughey é um bom ator e conseguimos ver isso ao longo do filme, mas ao mesmo tempo ele nos apresenta a mesma cara de sempre, sem um perfil mais característico daquele personagem, ou um estilo diferenciado. Como disse, a história é tão frenética em tantos aspectos, que a construção do protagonista é deixada completamente de lado.

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Outra questão que incomoda bastante é o ponto da escravidão. O filme não começa com essa proposta, mas termina com ela. O tema só começa a ser abordado com mais profundidade da metade para o final e confesso que é nos 30 últimos minutos, e graças a essa temática, que a película tem um pouco de salvação. Ainda assim, não se define como deveria. A exemplo da escrava que consegue “passear” todas as noites no pântano e visitar seu namorado. À isso, não é dada qualquer explicação plausível. Dentre tantas outras.

O romance apresentado pelo roteiro também é mal formulado e confusamente trabalhado. Parece ser o foco do filme em muitos momentos, mas de repente alguns personagens somem, ou a guerra vira o foco principal, ou a colheita, ou os impostos. De fato, há algum tempo eu não assisto um filme tão disperso quanto esse.

Ao final, o que temos é um conjunto de atuações desperdiçadas por um roteiro fraco, confuso e disperso, proporcionando uma alteração no tempo tão surreal que as duas horas de sessão parecem ter quatro horas de duração. O desespero em falar de várias questões ao mesmo tempo acabou levando o filme a deixar várias linhas soltas no vento, sem uma conclusão apropriada. Lamentável.

Assista ao trailer!