Crítica: Turma da Mônica – Lições

3.5

Fim de ano é tempo de relaxar e curtir com as pessoas que se ama. E que forma melhor de fazer isso do que assistindo a um bom filme? Se isso soa como uma boa ideia, a estreia da semana nos cinemas brasileiros é uma ótima opção para um passeio diferente com a família. Turma da Mônica: Lições chega nas telonas do país, nesta quinta-feira (30), recheado de boas risadas e emoção.

O longa-metragem é a segunda adaptação de um dos icônicos quadrinhos de Maurício de Sousa. Graças ao tempo, este filme pôde mostrar um nível de amadurecimento e profundidade de roteiro maior do que a primeira aparição da turminha nos cinemas. Desta vez, o público vê uma produção mais disposta a arriscar a uma narrativa mais madura. A aventura mostra o dilema de crescer ao mesmo tempo que faz uma reflexão sobre amizade, através de um pano de fundo psicológico inteligente.

Mônica (Giulia Benitte), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) se envolvem em mais uma encrenca. O plano infalível da vez foi fugir da escola e, para variar, as coisas não correram como esperado. Em resposta à travessura das crianças, os pais de Mônica decidem tirá-la da escola, separando o grupo. Agora, os quatro amigos vão ter que enfrentar seus piores medos, enquanto tentam achar um jeito de voltarem a ser o quarteto mais amado do Brasil.

Talvez o maior mérito desta produção seja a sua coragem. Só se passaram dois anos que a Globo Filmes lançou o primeiro longa e existe um claro e feliz crescimento – tanto de narrativa como de proposta. Em Turma da Mônica: Lições, os roteiristas Thiago Dottori (VIPs, de 2010) e Mariana Zatz dedicam um bom tempo da história para se aprofundar nas jornadas individuais de cada um dos quatro amigos. Isso permite, além de um desenvolvimento mais homogêneo, uma oportunidade. E essa oportunidade foi abraçada com sagacidade.

A jogada de Dottori e Zatz foi definir os dilemas de cada um dos quatro personagens principais como uma questão relacionada a ansiedades e questões da psique. É uma grata surpresa ver num filme infantil uma discussão séria e cuidadosa sobre insegurança, fobias e compulsão alimentar. E entenda que isso não é posto de forma aterrorizante. É tudo natural. É como se finalmente certos detalhes sobre as hqs fossem esclarecidos.

A Mônica tem dificuldades em lidar com sentimentos e, por isso, se torna agressiva. O Cebolinha é inseguro, por isso tenta provar como lidar, criando planos mirabolantes. A Magali não aprendeu a lidar com as dificuldades da sua vida, por isso desconta na comida. E o Cascão tem fobia de água, por isso foge dela a qualquer custo. Esses problemas, vistos de longe, poderiam ser qualquer coisa, mas uma vez que são explicados, tudo se esclarece. E é essa escolha corajosa e coerente que engrandece o filme por trazer profundidade a discussão individual dos personagens.

Para além desses dilemas pessoais, Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs, de 2017, e Turma da Mônica: Laços, de 2019) guia o espectador numa jornada extremamente encantadora. Aqui mais personagens queridos e conhecidos são inseridos nesse universo da Turma da Mônica, prometendo um futuro interessante. Tudo isso com atuações certeiras. É importante sempre lembrar o valor de uma boa escalação e isso se torna evidente aqui. Além dos atores e atrizes adultos que são talentosos e conhecidos, a escolha de cada uma das crianças não poderia ser melhor. Turma da Mônica: Lições é um filme onde a diversão é garantida para todos, não importa a idade.