Tudo o que Tivemos

Crítica: Tudo o Que Tivemos

Tudo o que Tivemos parece ter uma premissa clichê no que diz respeito a dramas familiares, mas com o tempo se revela mais complexo do que sua aparência sugere. O longa escrito e dirigido por Elizabeth Chomko conta a história de uma família às voltas com os problemas de sua matriarca que sofre de Alzheimer. Interpretada por Blythe Danner, Ruth desaparece no meio da noite deixando todos preocupados, tanto que a filha do casal, Bridget, papel de Hilary Swank, retorna para a cidade dos seus pais. Nesse momento, ela e o irmão Nick, vivido por Michael Shannon, passam a conversar sobre a internação de Ruth num asilo, a contragosto do pai, e diversas rusgas familiares vêm à luz com esse reencontro.

O filme de Chomko é bem intencionado em sua proposta. Ao longo da história questões mal resolvidas entre mãe e filha, irmãos etc. surgem e nisso todos os personagens ganham camadas, especialmente a protagonista vivida por Hilary Swank, cuja trajetória ganha outro sentido ao final da projeção, já que revela um amadurecimento pessoal na medida em que observa com mais atenção o relacionamento afetuosamente estabelecido entre os pais ao longo dos anos. Isso é acompanhado por um desempenho certeiro da atriz.

Tudo o que Tivemos

O problema de Tudo o que Tivemos é que Chomko parece não conseguir criar um ritmo adequado para o seu filme. A realizadora não sustenta o espectador tempo o suficiente até que o drama mostre de fato a que veio. Até conseguir ganhar “corpo”, o longa se garante demais em longas discussões entrecruzadas entre os integrantes da família que parecem não ter um objetivo preciso. A própria personagem de Swank demora a desabrochar na história e até lá soa como um fantasma perambulando por esse núcleo familiar sem dizer a que veio. É um filme que, na maior parte do tempo, “não se ajuda”.

Chomko parece não ter timing cinematográfico e deixa o espectador refém de diálogos aborrecidos e sem propósito muito claro. É um filme delicado e discreto, mas falta nele uma consciência do tempo em que sua história precisa de fato fluir. Parece bobagem, mas como experiência espectatorial isso é fundamental. Falta consciência de comunicação e a história e as personagens perdem muito com isso.

Direção: Elizabeth Chomko
Elenco: Hilary Swank, Michael Shannon, Blythe Danner, Taissa Farmiga, Robert Foster, Josh Lucas, Sarah Sutherland, William Smillie, Aimee Garcia

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