Estreia nesta quinta-feira, dia 04 de outubro, o longa Papillon, remake do clássico de 1973, protagonizado por Steve McQueen e Dustin Hoffman. Desta vez, quem assume os protagonistas são Charlie Hunnam, da série Sons of Anarchy, e Rami Malek, de Mr. Robot. Já a direção fica por conta do novato Michael Noer.
A trama traz Papillon, um ladrão que foi injustamente acusado de assassinato na França de 1930 e é condenado a viver em uma prisão na Guiana Francesa, na América do Sul. Ao chegar no lugar, ele se encontra com Louis Dega, um falsificador milionário que claramente precisa de proteção para sobreviver. Tudo isso, vale dizer, baseado em uma história real.
O filme, desde o começo, traz um ótimo clima de tensão ao espectador, que vai criando empatia pelo protagonista aos poucos. A medida que as regras da prisão vão ficando claras e o tipo de tratamento que eles recebem, o público acompanha o desenvolvimento cruel da história, torcendo por um final minimamente feliz. Durante as duas horas de duração do filme, três arcos narrativos principais são construídos, marcados pela dinâmica dos personagens.
Naquele lugar, qualquer preso que transgredir as regras e tentar fugir, vai passar dois anos na solitária. Se ele for reincidente, neste caso, passa mais cinco anos. Caso sobreviva à essa tortura, é claro. A tensão psicológica é muito clara na trama e favorece ao incômodo que vai surgindo no espectador. Aos nossos olhos, vemos os personagens definharem e mudarem a feição, a medida que a esperança vai esvaindo da alma. É triste constatar, no entanto, que tudo aquilo foi real.
Assumindo a rédea da produção, o diretor Michael Noer traz uma condução de trama muito boa e assertiva. Ele consegue mesclar o tom de heroísmo com o sacrifício que é feito diariamente pelo personagem. Além disso, Papillon é um filme sobre lealdade, mesmo em situações contrárias. Papillon cria uma amizade tão verdadeira com Degas, que vai além da proteção inicial acertada. Ele passa a efetivamente dar a vida pelo amigo e cuidar para que ele saia vivo daquele lugar. Não que alguém tenha exatamente esperança que isso aconteça.
Charlie Hunnam assume o protagonista com força e dedicação. O que assistimos é um ator se transformando em cena, a medida da necessidade do personagem. O mesmo vale para Rami Malek que dá um excelente apoio à Hunnam e desempenha um papel excepcional. Falta, no entanto, maior aprofundamento nos personagens como um todo. A sensação que fica é de que o roteiro paira na primeira camada, de muitas que poderiam ter sido exploradas.
Desnecessariamente longo, o filme poderia ter uns 20 minutos a menos e ainda assim, manter a qualidade do produto. Papillon, no entanto, é um ótimo remake, embora notoriamente abaixo do longa original. Ele acaba vivendo na sombra do primeiro.
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