Oferenda ao Demônio

Crítica: Oferenda ao Demônio

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Para que um filme de terror funcione de maneira apropriada existem dois elementos fundamentais (para esta crítica que vos escreve): 1. conexão com as personagens, pois é impossível se sentir engajado durante a projeção se o espectador não se importa com o que vai acontecer com as elas; 2. estabelecimento de atmosfera para a composição da tensão, pois caso as informações visuais e textuais sejam entregues sem uma elaboração minimamente organizada, não há suspensão e as sensações ficam dissipadas dentro da obra.

Oferenda ao Demônio não cumpre nenhum destes elementos. O longa-metragem chega a bater na trave no quesito de construção de empatia com os papéis principais dentro da narrativa. Tanto na figura de Claire (Emily Wiseman) quanto na de Saul (Allan Corduner), esposa e pai do principal, respectivamente, o público enxerga indivíduos que têm alguma camada mais elaborada e o desejo para que os dois não morram também vem do fato de que eles possuem uma relação mínima em tela.

Os olhares e as pausas dos diálogos revelam certa cumplicidade da dupla, ainda que estejam juntos em poucas cenas. Isto é mérito dos atores, porque há muito mais uma dinâmica das escolhas de jogo cênico vindo das atuações do que do próprio texto. Neste sentido, talvez, esta seja a pior coisa do longa: o roteiro. Existe aqui uma vontade intensa de surpreender quem assiste, porém os caminhos da trama são previsíveis. Todavia, a obviedade não é a questão central da problemática do enredo geral e seus conflitos e sim a ausência de progressão e os sustos aleatórios. 

Oferenda ao Demônio

O demônio não assusta – mesmo com tantos jumpscares – e essa estratégia de obsessão por reviravoltas aumenta ainda mais no desfecho da produção. Para criar esta impressão de final surpreendente, o filme parece que não vai terminar nunca. Hank Hoffman (roteirista) se atropela nesta sede para trazer surpresas e, com isso, a mitologia é rasa, não se cercando de explicações lógicas e, até mesmo, desdizendo-se. Assim, o terror se esvai e não é possível nem ao menos correr para se apegar nas subtramas, porque o próprio plot da família em si fica escanteado pelos acontecimentos sobrenaturais.

Desta forma, Oferenda ao Demônio é um título genérico, que gera pouco impacto e não convoca emoções para o ecrã. Nem ao menos a direção de Oliver Park empolga, pois é protocolar e perde em sua decupagem, por conter planos e movimentações de câmera tão contidos, que há um fomento do tom morno, que perpassa toda a projeção.

Direção: Oliver Park

Elenco: Nick Blood, Emily Wiseman, Allan Corduner

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