crítica filme o candidato honesto 2

Crítica: O Candidato Honesto 2

Em meio a corrida presidencial, eis que os cinemas brasileiros trazem para seus circuitos o filme O Candidato Honesto 2. Envolto numa fraquíssima sátira política, o novo trabalho do diretor carioca Roberto Santucci é tão pobre, artística e politicamente, quanto o anterior. A comédia é completamente dispensável. A única coisa que passa na cabeça do espectador é a dúvida acerca do tempo de tela que ainda resta para esse triste longa-metragem. Mas mãos à obra (ou à crítica)!

Santucci é um diretor cujo nome acompanha (ou, ao menos, acompanhava) reconhecimento em território nacional. Tudo isso graças aos seus trabalhos mais notáveis, como Bellini e a Esfinge (2002), Alucinados (2008), De Pernas pro Ar (2010) e Loucas pra Casar (2015). No entanto, essa notabilidade perante o público tem caído nos últimos anos por conta das suas terríveis sequências. É compreensível a condição de dificuldade enfrentada por qualquer diretor, produtor ou roteirista que assume o papel de dar continuidade ao existente. Contudo, os erros de Santucci foram inúmeros, fazendo de O Candidato Honesto 2 a produção que transbordou a cota “absurdo”.

Após cumprir uma parcela minúscula de sua pena, João Ernesto (Leandro Hassum) vê em sua liberdade antecipada a chance de se redimir após sua desastrosa atuação política anterior. Convencido por assessor Marcelinho (Victor Leal) e pelo assustador Ivan Pires (Cassio Pandolfh), João decide se candidatar à presidência. Por ser o candidato honesto que assumiu os seus erros, João Ernesto é eleito com louvor e clamor do povo. Contudo o seu mandato não será nenhum mar de rosas. Tendo feito o pacto com o próprio diabo e escolhido ele como seu vice, João terá a difícil missão de enfrentar todos os esquemas políticos existentes em Brasília para se manter como o candidato honesto.

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Dito isso, a comédia é uns dos gêneros cinematográficos mais multifacetados. Ela tem em sua essência uma gama de possibilidades de efeito para com o espectador e, de acordo com a narrativa e a intenção da produção, isso pode variar. Em teoria, a série de filmes O Candidato Honesto tem por objetivo satirizar uma instabilidade política existente na nação. Por isso o lançamento de ambos os longas aconteceu em anos eleitorais tão turbulentos. No entanto, o resultado fica bem distante do desejado. Os problemas técnicos da película superam qualquer minuto politicamente consciente da trama.

A dificuldade começa pelo roteiro, onde o absurdo e a comédia escrachada estão em voga. Além disso, as personagens são claras caricaturas bizarras de figuras políticas reais que são criadas de uma maneira tão pobre de criatividade que levam as situações ao ridículo. Para piorar ainda mais a situação desse corpo em queda livre, as atuações são tristes. É terrível ver um elenco com certa qualidade se propor a fazer algo tão ruim. O resultado das cenas é desconexo, sem graça e forçado. E o verdadeiro terror se completa quando falamos da direção de Santucci. Afinal, para uma figura que elaborou trabalhos tão interessantes, dirigir O Candidato Honesto 2 foi uma verdadeira piada.

Nesse filme onde tudo é ruim – inclusive o enquadramento da câmera – o resultado não poderia ser nada além do fracasso. Por isso, a obra desastrosa se tornou, de longe, um dos piores trabalhos feitos por Roberto Santucci. Já Leandro Hassum se mostrou perdido em sua própria essência e falhou na tentativa de se satirizar durante o longa. O filme O Candidato Honesto 2 chega aos cinemas para ser mais assustador (de tão ruim) que Slender Man (2018). E só. Afinal, a sua função político-social de reflexão está bem longe de ser alcançada.

Assista ao trailer!