Crítica: No fim do túnel

Saber equilibrar os momentos de tensão e relaxamento, a iluminação, a trilha sonora que casa com cada cena e os planos certeiros. Esses são alguns detalhes que fazem um filme de suspense ser um bom título do gênero. Dirigido e roteirizado por Rodrigo Grande (Questão de princípios), o longa argentino No fim do túnel consegue se encaixar nessa categoria de películas.

A narrativa aborda a história de um cadeirante, Joaquín (Leonardo Sbaraglia), que perdeu a mulher e a filha em um acidente. Após o acontecido, ele passa a viver na sua enorme casa com tudo trancado, sujo e escuro. Até que um dia ele decide colocar o quarto do terraço para alugar. Uma jovem mãe, acompanhada de sua filha, ocupa a vaga e a vida do rapaz começa a mudar completamente.

O que poderia ser mais uma história clichê, na qual a presença de um interesse amoroso muda a vida de um homem deficiente, se transforma em um suspenso repleto de tensão, quebrando a ideia de que aparências e supostas limitações condenariam a pessoa a viver triste e cheia de dependências. A história começa a seguir um rumo tenso, quando ao lado da casa de Joaquín vários homens e uma mulher começam a traçar um plano de assaltar a um banco.

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Joaquín começa a investigar e se envolver nessa situação. O clima de mistério e descoberta é mesclado com os momentos de descontração dos novos moradores com o rapaz, enquanto ele vai descobrindo os crimes e planos que estão ocorrendo bem do seu lado. A estratégia da equipe do longa para criar a sua atmosfera é colocar música de pulsações e batidas fortes, planos que vêm de baixo para cima ou de cima para baixo, causando angústia e um pouco de sufocamento.

Outros pontos que causam suspense na película são a iluminação e a direção de arte. Os ambientes são escuros, bagunçados e o espectador precisa prestar atenção nos detalhes. Quando o público se conecta  com a imagem projetada acontece algo impactante. E é nessa mescla de ritmos que o filme se faz.

Ainda assim, No fim do túnel peca em dois aspectos. A dinâmica entre os atores não é muito bem construída. As relações parecem frágeis e apenas Sbaraglia consegue ter um bom desempenho com o grande desafio de atuar dentro e fora da cadeira. Outra questão é o desfecho um tanto óbvio do longa.

Contudo, o suspense argentino consegue desempenhar bem sua função no seu gênero, entretém e o espectador sente que o tempo passou rápido. As escolhas são, em sua maioria, boas, gerando um bom resultado.

Assista ao trailer do filme: