Continuações são difíceis, especialmente quando não se justificam com a história. Não é diferente no caso de Minha Vida em Marte. Sequência de Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou, este longa traz Fernanda finalmente casada com o amor de sua vida e com uma filhinha de cinco anos. Ela segue trabalhando com buffet de casamentos junto com seu grande amigo Aníbal, parceiro de todas as horas.
O primeiro filme tinha uma veia de comédia muito interessante. Embora fosse recheado de conteúdo machista, a novidade de Mônica Martelli junto com Paulo Gustavo trouxe um frescor para o espectador, que dava grandes gargalhadas com as peripécias da protagonista para encontrar um grande amor. Já este segundo filme é um grande compilado de nadas.
É difícil falar especificamente sobre todas os problemas que o filme tem no que diz respeito ao conteúdo. Fernanda é uma mulher bonita, rica, com uma carreira profissional sólida, mas que se mostra sempre insatisfeita com a vida porque o lado amoroso não está indo bem. Isso resume muito a personagem a dependência do homem para ser efetivamente feliz.
Ainda neste quesito, o filme faz questão de colocar o marido dela, vivido por Marcos Palmeira, como um poste inútil que só faz besteira em cima de besteira, justificando o divórcio que claramente está por vir. Não existe construção emocional nenhuma para o casal, nem mesmo para justificar o cansaço da relação. Por isso é preciso forçar a barra para que o espectador compre a ideia de que ela realmente precisa se separar.
Para além disso, Paulo Gustavo se mostra um problema no filme. Não que ele esteja ruim. Longe disso! Ele segue sendo engraçado e funciona muito bem como amigo da protagonista. O problema é que ele literalmente rouba o holofote todo para ele e, um longa que é para falar de relacionamentos, acaba virando sobre Paulo Gustavo. Também é complicada a relação do discurso dele, que emenda uma piada na outra sem dar um respiro para o espectador. Todo e qualquer momento ele está fazendo piadas sarcásticas, mesmo quando ela não se justifica.
O tom emocional que o primeiro filme teve (mesmo que leve) se perde completamente neste, que se esforça a todo momento para ser engraçado. Tudo isso reflete em um longa excessivamente demorado com cenas desnecessárias e diálogos que não acrescentam em nada. É como um grande passeio pelo shopping olhando as vitrines e comentando sobre as lojas. Esta é a sensação que fica.
Quando “esprememos” o filme, o conteúdo que fica é muito pouco e sem consistência que justifique a trama. Ao término, a grande pergunta que fica é: “para quê?”. Talvez pelo apelo que o primeiro filme teve e pela figura carismática de Paulo Gustavo, Minha Vida em Marte se pague. Mas definitivamente não será pela qualidade do material.
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