Uma típica comédia adolescente, Metal Lords poderia ser algo daquele estilo no qual não há muito que se dizer sobre. Contudo, com suas personagens carismáticas, relações bem trabalhadas e situações cômicas e exageradas construídas progressivamente, o longa-metragem, ainda que bobo e ingênuo, conquista a atenção e o coração dos espectadores. O principal ganho aqui é ver como a dinâmica do trio principal se desenvolve.
Primeiramente, a história ambienta os espectadores no universo daquela narrativa e isto é feito de uma forma até simples, mas que surte um efeito marcante. Com uma abertura que se inicia com rock e frames de um cômodo cheio de cartazes e referências do estilo musical, os quadros vão se fechando até se tornarem planos fechados. Em seguida, após a breve contextualização, a dupla central, Kevin (Jaeden Martell) e Hunter (Adrian Greensmith), é vista pela primeira vez.
Este tipo de estratégia é eficiente, pois reduz o risco de diálogos expositivos e já imprime na tela, sem precisar colocar textos falados, bastante da personalidade das figuras principais. Kevin é um nerd típico em sua aparência física, mas que vai, aos poucos, revelando seu lado rock ‘n’ roll. Hunter é um estereotipo do rebelde sem causa, um metaleiro revoltado, que vai ganhando camadas durante a sessão, com a exposição de outros sentimentos além do ódio da humanidade.
Um pouco mais adiante na trama, é possível conhecer Emily (Isis Hainsworth), uma violoncelista, que lida com crises de raiva, porém que gradativamente vai conhecendo as suas emoções e – mesmo o seu conflito interno não tendo um desfecho tão apropriado -, sem ser escrita apenas como uma side-kick. Ela tem contornos trabalhados, como o paralelo sensibilidade e timidez X ataques físicos de ódio. Tudo isto é trazido para contar a formação da banda destes três amigos: a Skullflower.
Nesta dinâmica, é perceptível que, através da mescla de fragilidades e forças, quem assiste Metal Lords se sente próximo do trio e pode criar identificações com cada um deles. Aqui não existe nada exatamente de novo. Este é um enredo com teens deslocados, que tentam achar os seus espaços no mundo. Ok, mas o como isto é feito é que deixa a produção divertida e empolgante. Um dos fatos mais potentes é que todas estas características de Emily, Hunter e Kevin são trazidas dentro de situações completamente exageradas.
Tudo é enorme, sentimental, cheio de emoções transbordantes, com rompimentos e atitudes enormes. O que é a adolescência senão um grande combo de exagero, lágrimas e sentimentos aflorados? Este encaminhamento do roteiro – de D.B. Weiss, criador de Game of Thrones – imprime na obra uma perspectiva juvenil dos fatos; É quase como se fosse eles que contassem tudo a durante a exibição. Neste contexto, no qual todos os acontecimentos parecem gigantes e as reações das personagens também são extremas, há aqui apenas um cansaço no final do segundo ato.
Seria preciso que houvesse um respiro ou uma aliviada nesta grandiosidade de ações e emoções para dar um equilíbrio no ritmo do longa. Se ao menos os atores diminuíssem a intensidade em suas atuações em um número maior de sequências esta característica já ficaria mais diluída e aliviaria o seu resultado geral. Além disso, a obviedade das situações também deixa a obra um tanto entediante em determinado momento. Este fator não é algo inesperado para uma comédia teen, porém quando cada cena se torna previsível demasiadamente, a qualidade é afetada.
Todavia, o diretor Peter Sollett (Amor por Direito) é inteligente em se mostrar mais no desfecho da história, aliviando esta queda de qualidade. Contido até o terceiro ato, Sollett entrega mais movimentos e efeitos próximo do desenlace da trama. Um destaque destas sequências é a câmera subjetiva durante o show da banda Skullflower. Este é um dos momentos que comprovam como a equipe de Metal Lords tem este objetivo de criar uma imersão com aquele universo ficcional, para conquistar a plateia e deixar mais nítido o que as personagens estão sentido.
Assim, ainda que um tanto ingênuo e repetitivo dentro de seu subgênero, o longa vale a pena de ser conferido. Ele é uma espécie de Sessão da Tarde? É, mas é daquelas que todas as crianças deixavam o dever de casa para depois, para conseguir assisti-lo!
Direção: Peter Sollet
Elenco: Jaeden Martell, Adrian Greensmith, Isis Hainsworth
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