Lançado sob o selo da Blumhouse, Imaginário – Brinquedo Diabólico lida com elementos tradicionais do horror: nossa fantasia com brinquedos que podem ser tomados por forças malignas. Para quem não está familiarizado com a trajetória da Blumhouse, ela é uma produtora de filmes estadunidenses que se especializou no gênero com títulos importantes nas últimas décadas como Atividade Paranormal, Sobrenatural e o vencedor do Oscar Corra! (melhor roteiro original). Acontece que nos últimos anos a qualidade dos filmes com o selo Blumhouse, entre eles, podemos destacar o revival da franquia Halloween e O Exorcista: O Devoto, tem caído e a produtora sofre uma relativa crise de credibilidade com os seus fãs.
Em Imaginário, acompanhamos a história de uma ilustradora que lida com estranhos eventos a partir do momento em que sua enteada se apega a um urso de pelúcia, tomando-o como um amigo imaginário. A partir daí, estranhos eventos começam a acontecer na casa daquela família e a protagonista encontra conexão entre a situação vivenciada pela garota e aquela que viveu no passado quando também era criança.
Imaginário – Brinquedo Diabólico é conduzido por um dos diretores menos bem quistos do catálogo da Blumhouse, Jeff Wadlow, responsável por nada menos do que dois dos títulos mais mal resenhados da história da produtora: A Ilha da Fantasia (2020) e Verdade ou Desafio (2018). Assim, não dá para esperar muito de um longa comandado por ele, então não é com surpresa que constatamos o resultado ruim de Imaginário – Brinquedo Diabólico.
A trama do longa é a mais boba possível. O filme se sustenta naquele raso apelo a temas da psicologia como traumas de infância e conflitos familiares, mas sempre da forma mais superficial e desleixada possível. Aqui, a protagonista tem que lidar com o desafio de cuidar das duas enteadas, uma delas extremamente resistente a ideia de ter uma madrasta e a outra, a mais nova, apesar de carinhosa, tem dificuldades para superar as dores legadas pela convivência com uma mãe vítima de transtornos psicológicos.
Não espere muito do desenvolvimento dessas relações pelo roteiro. Imaginário – Brinquedo Diabólico passa longe de qualquer abordagem problematizadora ou que saia do lugar comum, enrolando o espectador com dramas desinteressantes que não fazem muito pela experiência do espectador. O filme ainda sofre com um roteiro repleto de diálogos clichês e desfechos que são adiados a fim de “enganar” o público. Além disso, Imaginário conta com uma direção que poucas vezes consegue produzir qualquer atmosfera de suspense. O artifício do urso de pelúcia como um objeto potencialmente assustador não surte qualquer efeito no filme, não só pela aparência do brinquedo, mas porque o seu diretor sequer explora recursos que permitam qualquer mitologia em torno do bichinho de pelúcia. Portanto, não, o ursinho de Imaginário não conseguirá entrar para a galeria de brinquedos assustadores do cinema como Chucky ou Annabelle.
Conta pontos a favor do título a presença de DeWanda Wise, anteriormente vista em Jurassic World: Domínio. A atriz consegue trazer alguma credibilidade ao filme como a protagonista da história. Além disso também é pontualmente interessante a forma como Imaginário lida com o mundo das fantasias infantis, explorando criativo trabalho de design de produção no terceiro ato da história.
Imaginário – Brinquedo Diabólico não chega a ser um desastre cinematográfico, mas é uma espécie de terror B que não acrescenta muito às plateias assíduas ou eventuais do cinema de horror. O filme é um emaranhado de “lugares comuns” do gênero que exploram da forma mais protocolar possível as potencialidades desse tipo de história.
Direção: Jeff Wadlow
Elenco: DeWanda Wise, Tom Payne, Taegen Burns
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