Será que Elvis não morreu? Essa é a sensação de legado que o filme de Baz Luhrmann deixa para seus espectadores, com as mais de 2h30 de duração. Responsável por longas primorosos como Romeu + Julieta, Austrália e Moulin Rouge – Amor em Vermelho, o diretor traz aqui a história de um dos maiores cantores de todos os tempos, só que sob a ótica de seu ganancioso empresário Tom Parker (Tom Hanks, Um Lindo Dia na Vizinhança), que estava mais preocupado com seu próprio enriquecimento do que qualquer outra coisa.
Elvis descobriu a paixão pela música ainda criança, frequentando as igrejas para negros, que eram comuns nos EUA na época. Tão logo ele soube que aquele era o caminho que desejava trilhar e contou com o apoio da família para ir em busca de seu sonho de ser um cantor de sucesso. No meio da estrada, se deparou com Parker, que ajudou a impulsionar sua carreira de maneira astronômica, mudando completamente a realidade dele e da família.
É muito curioso o começo do filme quando Baz deixa o espectador tão curioso em descobrir quem é Elvis, como o próprio Parker. Até o momento em que eles de fato se conhecem, nós apenas temos vislumbres do artista, sua silhueta, sua voz. Foi um artifício acertado do diretor, que só começava a mostrar todo o cuidado que teve ao longo da trama, em termos de imersão do espectador. Enquanto isso, vamos descobrindo a fome por dinheiro e poder que o empresário tem, mostrando um lado bem diferente de Tom Hanks.
Para um ator que costuma fazer papéis de pessoas bacanas, encarar um vilão tão sem escrúpulos como esse é tarefa difícil, mas que ele leva com muita facilidade. Conseguimos odiar cada momento em que Parker surge, graças à maestria magnífica de seu protagonista. Uma performance digna de premiação, tal qual a do próprio Elvis. É curioso como Austin Butler (Era uma Vez em… Hollywood) não parece nem um pouco com o cantor original, mas coube perfeitamente na sua representação. Ele estudou maneirismos, jeito de andar, de falar. Tudo para assumir este importante papel. Um investimento valioso pois acredito realmente que ele receberá diversas indicações, sendo um forte candidato a levar as estatuetas.
Para além do elenco incrível e afiado, o roteiro de Elvis é emocionante e envolvente. O espectador acaba descobrindo ainda mais detalhes da origem e início da carreira do músico, assim como entende o frenesi pelo seu nome na época, que perdura até hoje. O sonho dele era espalhar as suas canções pelo mundo, envolver as pessoas com seus poemas cantados. No entanto, tudo isso foi frustrado pela manipulação de Parker em sua vida e sua família. O objetivo dele era sugar ao máximo todo o dinheiro que podia com a carreira de Elvis (não à toa que eles tinham contratos que rendiam 50% de lucros para o empresário), apostando em casinos, fumando charutos e bebendo uísque.
É surreal pensar que Elvis não foi nem metade do que ele poderia ser por conta deste agente. Ele não realizou turnês internacionais, que era algo que almejava muito, pois foi proibido e acuado pelo empresário. Fico imaginando como seria o seu legado mundial, pois mesmo com essas privações, ele ainda foi o que foi e é o que é.
Não existe excessos em Elvis. Este é um filme que galga seus caminhos com assertividade, sem pressa, mas também sem enrolação. A medida que somos envoltos pela história, ela não se priva de avançar e mostrar mais nuances e cenários. É um filme intenso, impactante e tão grandioso quanto o próprio foco da cinebiografia. Elvis se mostra, de fato, eterno, pois seu legado persiste mesmo com o passar dos anos e de gerações.
Direção: Baz Luhrmann
Elenco: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia DeJonge, Richard Roxburgh, Kelvin Harrison Jr., David Wenham, Kodi Smit-McPhee, Luke Bracey, Xavier Samuel
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