Em 39 minutos de duração, Audible deseja mostrar a trajetória do adolescente Amaree McKenstry, que estuda em uma escola para surdos e faz parte do time de futebol americano do colégio. Dentro desta lógica, o média-metragem aposta em deixar que as personagens se expressem, sem se colocar diretamente, convocando apenas o ponto de vista delas.
Neste sentido, apesar deste tipo de documentário – chamado popularmente de “cabeças flutuantes” – possuir menos criatividade dentro de seu gênero, algumas saídas são encontradas para efetuar um dinamismo durante a sessão. As sequências das entrevistas são intercaladas com cenas dos jogos, com os discursos do treinador e o dia a dia dos jovens, com momentos sobre paqueras, namoros e amizade.
De certa forma, as estratégias do média funcionam e não funcionam. As idas para os momentos que ilustram as vidas das personagens são os respiros das entrevistas e a ideia é bem-vinda. No entanto, a montagem frenética faz com que o suposto equilíbrio entre falas e passagens não exista. O ritmo também é quebrado se há aceleração demasiada. As velocidades precisam ser intercaladas para que o espectador consiga criar uma relação com o que está sendo mostrado.
É como se o diretor Matthew Ogens (American Native) e o montador Darrin Roberts (A Caixa) quisessem colocar o tom do filme sempre para cima, porém a agilidade das imagens provoca um efeito oposto ao do desejado e deixa a exibição cansativa. Para completar esta sensação de exaustão dentro da fruição, a quantidade de temas escolhidos também é exagerada.
São muitos conflitos que extrapolam o protagonista ou o cerne central do documentário. Há a relação com o pai de Amaree, o suicídio de um de seus melhores amigos, a falta de encaixe com a família, o futuro depois do final da escola etc. Talvez, este número extenso de situações e caminhos da obra não fosse um problema se o espaço dedicado a cada temática fosse pensando de forma mais consciente.
O que incomoda é que nada é aprofundado e uma figura tão cheia de potencialidade como Amaree é olhada de forma muito superficial. No final das contas, Audible é uma produção que fica na média, mas não ultrapassa ela, porque na gana de ser emocionante e impactante, se esquece de olhar com cuidado e sensibilidade para uma jornada tão cativante e intensa.
Direção: Matthew Ogens
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