Crítica: António Um Dois Três

Em seu primeiro longa-metragem, o diretor e roteirista Leonardo Mouramateus (Vando Vulgo Vedita) traz uma narrativa que conta três histórias em uma. Com uma tríade de arcos, o público conhece faces distintas do protagonista e das pessoas que o cercam. A estratégia do cineasta poderia ser bem concretizada, mas ele parece focar na forma, deixando o conteúdo de lado.

A complexidade das personagens são pouco elaboradas, principalmente dos coadjuvantes. A sensação que o longa passa é que a cada mudança de António (Mauro Soares) restam apenas arquétipos, como: “a viajante”, “o artista mal compreendido” ou “a vizinha solitária”. O destaque dentro da obra é apenas o primeiro António. Contando com o carisma do ator que o interpreta e um tempo maior dentro da projeção, ele é quem apresenta nuances na sua personalidade, indo além do menino mimado pelo pai, apresentando também um lado artístico e musical.

Justamente por focar na tentativa de uma inovação na hora de narrar, Mouramateus peca em seu roteiro que parece um retalho de jornadas inacabadas e sem uma aparente razão para existir, pois sem explorar os conflitos o espectador pode ficar entediado, buscando a razão para estar assistindo ao longa. Além disso, a obra apresenta pouca criatividade, o que poderia salvar os 95 minutos gastos dentro da sala de cinema. Apesar de tudo isto, o filme é redondo e apresenta um desfecho.

António Um Dois Três contém uma premissa formal clara, porém mal costurada. Sem personagens ou temas que chamem a atenção ou discutam alguma questão relevante ou profunda, ele se perde numa tentativa de ser diferente e poderia focar em um arco de seu protagonista, trabalhando seu desenvolvimento e aprofundando nas próprias questões que o filme deixa somente pincelado, como as problemáticas de companhias de teatro ou os relacionamentos amorosos.

Assista ao trailer!