Chega aos cinemas esta semana o longa A Menina e o Leão, uma produção que tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para a importância da preservação dos leões da África. O filme conta a história de Mia e sua família, que deixam Londres para morar na África do Sul e tocar o negócio do pai, que trabalha administrando uma fazenda de leões.
A garotinha de 11 anos vê sua rotina virar de cabeça pra baixo quando ela tem que deixar os amigos para ficar em uma fazenda isolada e sem tudo com o que ela está acostumada. As coisas começam a mudar quando a menina ganha um leão branco de presente e constrói uma relação de verdadeira amizade com o bichinho.
Mesmo com o objetivo sendo o alerta sobre a necessidade de proibir a caça animal e cuidar do futuro dos leões, o filme tem o cuidado de efetivamente construir uma narrativa interessante e atrativa aos olhos do público. Ele faz uso do entretenimento para convocar o espectador à reflexão, além de apresentar informações importantes sobre a situação dos animais na África.
A pequena Mia é interpretada por Daniah De Villiers, uma novata cheia de potencial que cresceu junto com a produção do filme. Sim, o longa demorou mais de 3 anos para ser filmado, pois acompanhou o crescimento dos atores, mas especialmente do leão principal, Charlie.
Esta é, inclusive, a parte mais forte e importante da trama. Nenhuma computação gráfica é utilizada na relação com os animais, especialmente com o protagonista. Vemos com nossos olhos o crescimento do bebê leão, suas brincadeiras e descobertas. Junto com isso, a angústia de ver o quão próximo a atriz fica do bichano. É efetivamente assustador.
Tudo isso dá fôlego à uma trama que, embora atrativa, não tem tantos elementos importantes e inusitados. Todos os passos são meio previsíveis e pouco se acrescenta na narrativa ao longo dos 100 minutos de produção de A Menina e o Leão. O ponto alto é, realmente, a relação da menina e do leão.
Alguns elementos de canastrice estão presentes, principalmente na relação do pai com um dos seus empregadores. Além disso, colocando uma negra como empregada doméstica engraçadinha é claramente uma falta de cuidado com a necessidade de representatividade positiva atual e um racismo estrutural. Não poderíamos esperar menos com patrocinadores como Rolex. E isso, sim, é que depõe contra o longa.
A finalização do filme, no entanto, não deixa a desejar. Por mais surreal que seja, tem coerência de acordo com a criação da história e dá espaço para inserção de um elemento muito importante, que é a existência de espaços de reservas protegidos por lei contra a caçada dos animais silvestres. Especialmente os leões. O espectador fica surpreso ao descobrir (se já não souber) que a caça de leões é legalizada na África do Sul, embora a mesma esteja dizimando os animais e pode colocá-los na lista de extinção muito em breve.
Direção: Gilles de Maistre
Elenco: Daniah De Villiers, Mélanie Laurent, Langley Kirkwood
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