A Barraca do Beijo 2

Crítica: A Barraca do Beijo 2 (Netflix)

A Barraca do Beijo de 2018 foi um dos filmes mais populares produzidos pela Netflix. Apesar do apelo popular, a comédia teen que fez a carreira do seu jovem elenco, Joey King (indicada ao Emmy pela minissérie The Act) e Jacob Elordi (destaque na elogiada Euphoria da HBO), não é muito conhecida por sua qualidade dramatúrgica, tampouco por conter bons exemplos de representação de relacionamentos para seu público alvo, os adolescentes.

O filme de 2018 derrapava com uma trama capenga que versava sobre o relacionamento de Elle (King) e Lee (Joel Courtney), amigos de longa data que estudam no mesmo colégio. A amizade é abalada quando ela acaba se apaixonando pelo irmão dele, o bonitão descamisado Noah (Elordi), o garoto mais disputado do colégio. O conflito central da protagonista era inócuo e, como se não bastasse, o filme abria brecha e tratava com naturalidade e romantismo relacionamentos amorosos e de amizade abusivos. Elle se debatia o tempo inteiro entre atender às chantagens de Lee e Noah e tinha muita dificuldade de ter uma voz própria durante toda a história.

Uma continuação de A Barraca do Beijo, dirigida e roteirizada pelo mesmo Vince Marcello do primeiro seria a oportunidade do próprio se redimir dos tropeços do primeiro longa. E durante parte de A Barraca do Beijo 2, Marcello até que tenta ocultar questões que foram problemáticas no filme anterior, como a sufocante lista de exigências que Lee faz a Elle para manter a amizade dos dois. Em parte da sua duração, o longa até que consegue se mostrar positivamente como uma descompromissada comédia High School. Isso até os dilemas amorosos de Elle com Noah virem à tona e a maldita lista de regras voltar para a história.

Há um excesso de tramas e personagens em A Barraca do Beijo 2 que fazem a sequência atirar para todos os lados e não se preocupar com aquilo que realmente importa, construir um arco dramático convincente o suficiente para sua mocinha Elle, ao menos complexo o bastante para justificar uma sequência. O longa traz um novo interesse amoroso para Noah, um novo interesse amoroso para Elle, o namoro de Lee, um casal homossexual amigo da protagonista que aparentemente não tem função alguma na história a não ser tentar “limpar a barra” do primeiro filme, o destino universitário de Elle, um campeonato de dança e a promoção da barraca do beijo que dá título à história. É muito e o filme sequer consegue dar unidade a tudo isso em mais de duas horas de duração.

Para completar, o terceiro ato de A Barraca do Beijo 2 sela o desastre que é essa comédia romântica com toda uma sequência constrangedora em um almoço de ação de graças que reforça alguns dos principais problemas do primeiro filme no olhar que ele lançava para o relacionamento de Elle com os dois garotos. Justificativas estapafúrdias para a presença de um brinco misterioso debaixo da cama de Noah e mais uma D.R. sem sentido entre Elle e Lee tomam conta desse momento e são responsáveis por afundar essa sequência de forma constrangedora.

A Barraca do Beijo é um dos produtos mais bem sucedidos da Netflix e seus produtores têm muita segurança de estarem no caminho certo. A popularidade do projeto antes mesmo de sua segunda sequência estrear fez a equipe filmar a terceira parte simultaneamente, com estreia prevista para 2021. É uma pena que a franquia é de um clássico caso no qual a popularidade do produto não vem junto com qualidade. Para os fãs do gênero que estão na adolescência, a própria Netflix tem em seu catálogo vários títulos mais recomendáveis do que A Barraca do Beijo, não é difícil encontrar. O segundo não redime o primeiro filme, pelo contrário, reforça o constrangimento que ele é.

Direção: Vince Marcello
Elenco: Joey King, Jacob Elordi, Joel Courtney, Taylor Zakhar Perez, Maisie Richardson-Sellers, Meganne Young, Molly Ringwald

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