Sideral

XVII Festival Panorama Internacional Coisa de Cinema: Sideral

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Há toda uma ambientação claustrofóbica, melancólica e sufocante em Sideral. Para evocar estas sensações, Carlos Segundo (Fendas) traz para sua narrativa um mundo em preto e branco, com uma razão de aspecto menor. Neste contexto é que Marcela (Priscilla Vilela) existe. Pacientemente, a situação na qual ela vive é mostrada, mas há um fator especial aqui.

O espectador não acompanha a rotina de Marcela. Os seus atos posteriores são justificados quando o que a cerca é mostrado. Há uma secura, um calor que transborda do ecrã, mesmo que não haja cores ali. Existe nos diálogos um machismo e uma presença branca cis masculina forte na história. Além disso, é possível perceber, sem que seja dito explicitamente, a carga de trabalho e pouca remuneração desta mulher.

Toda esta construção é fomentada durante a projeção, dentro do enredo, das escolhas de direção, mas também da interpretação do elenco. O trabalho de ator juntamente com as estratégias de mise-en-scène imprimem quem são aquelas personagens, o local onde moram e as possibilidades de futuro no qual eles estão inseridos imprimem no ecrã uma atmosfera que traz um desconforto em quem assiste.

Sideral

Neste sentido, há toque especial no desfecho da produção, momento no qual o colorido aparece na tela. Este fator se dá pelo fato de que Marcela, apesar de todas as consequências que irá sofrer, alcançou a sua liberdade, ainda que de forma momentânea. A sua fuga, o seu rompimento com a vida que a enclausura e retirava as cores do seu cotidiano, é deixada para trás e quando os créditos sobem, é isso que público pode sentir com intensidade.

Por fim, pode-se dizer que o desenho e a mixagem de som elevam as potencialidades de Sideral. Cada detalhe de sonoridade é revelado na medida certa, pois o jogo de ruídos, silêncio e textos falados são equilibrados. Eles soam pensados exatamente para este estabelecimento de tensão colocado no curta.

Direção: Carlos Segundo

Elenco: Priscilla Vilela, Ênio Cavalcante, Fernanda Cunha

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