“Eu estou aprendendo, estou treinando, mas é um projeto que ficou muito bonito”. Assim começou a coletiva de Selton Mello, em Salvador, na quinta-feira, 27 de julho. Com o objetivo de divulgar seu novo longa, O Filme da Minha Vida (confira nossa crítica clicando aqui), o artista embarcou em uma turnê, na qual já passou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Em terras soteropolitanas, Mello confirmou a sua participação na nova série da Netflix sobre a Operação Lava-Jato, contou um pouco sobre como tem sido sua trajetória de ator e cineasta e falou sobre a recepção dos espectadores durante suas viagens desta semana.
Inspirado no livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármeta, a trama desta nova produção nacional se passa nos anos 1960 e aborda os questionamentos, sentimentos e experiências de Tony Terranova (Johnny Massaro). O jovem é nascido e criado nas Serras Gaúchas, trabalha como professor e precisa lidar com o abandono de seu pai, um estrangeiro que retorna para a França (vivido por Vicent Cassel). De acordo com o diretor, seu objetivo era contar uma história leve, de forma poética, doce e bem realizada.
Mello vê na projeção uma possibilidade de trazer ternura para as telas num momento que ele acredita ser tão difícil para o país e o mundo. “Este filme é uma flor no asfalto, considero ele um presente para o espectador do Brasil”. Além de falar sobre a obra, Mello respondeu algumas perguntas para o Coisa de Cinéfilo. Confira o ping-pong com o intérprete e diretor que completa 35 anos de carreira em 2017 e mate um pouco da curiosidade sobre seu novo trabalho.
ENTREVISTA
Enoe Lopes Pontes – O longa tem uma preocupação muito forte com a questão imagética. Quais foram suas inspirações no processo de criação?
Selton Mello – Quando eu comecei a dirigir, as referências ficavam mais evidentes, mais óbvias. Meu primeiro filme é claramente de um fã de John Cassavetes. Depois, você vai se libertando. Eu me sinto mais liberto nesse filme. Como se eu fosse, aos poucos, ganhando a minha voz e achando a forma de me expressar. O filme começa numa impressão e a impressão que eu tive desse livro começa pelo afeto, foi um livro que me emocionou. E aí você transforma essa impressão numa inspiração. Com uma equipe espetacular e um super elenco, a gente conseguiu fazer um filme que tocou o coração das pessoas.
ELP – Você tem sentido isso na turnê?
SM – Eu estou viajando o Brasil inteiro e por onde o filme passa, causa um grande encantamento. Eu estou bem cansando, viajando para um monte de lugar, mas a energia que está rolando do público, como ele está reagindo ao filme, é a força para seguir em frente e fazer outros, sabe? Dá gás!
ELP – Você falou que o filme é focado na doçura. A sua personagem, Paco, é a quebra disso. Como você enxerga ele?
SM – Eu nem sei o que você está falando. (Risos). Você é a danada do spoiler! (Risos). Aliás, o filme é cheio de spoilers, conto com a discrição de vocês. Então, o Paco, na verdade, é um cara divertidíssimo.
ELP – Mas, desde o início, a gente consegue perceber que ele é um cara diferente dos outros.
SM – É um grosseirão!
ELP – Que é a quebra da poesia no filme, certo?
SM – É, é sim. É o porco. É aquilo, é um homem ou um rato? No caso dele é: um homem ou um porco? (Risos).
Confira o trailer do filme abaixo!