Apesar de negarem durante um certo tempo que a má recepção da crítica e de parte dos fãs dos quadrinhos a Batman vs. Superman – A Origem da Justiça tenha afetado a composição do universo DC Comics na Warner, desde que foi anunciada uma queda vertiginosa na bilheteria do longa a partir da sua segunda semana de exibição (que, claro, não transformou o filme em um desastre financeiro, mas evidenciou um retorno abaixo do esperado com uma arrecadação de cerca 870 milhões de dólares) , vieram a público uma série de notícias que dão conta de um cenário de transformações e novos rumos criativos no estúdio. Essa semana, foi noticiado pelo The Hollywood Reporter que o diretor Zack Snyder não será mais a “cabeça criativa” do univerdo DC nos cinemas, mas sim os produtores Geoff Johns e Jon Berg, que prometem dar uma unidade aos filmes dos personagens da Liga da Justiça nos moldes do que anda sendo feito pelo produtor Kevin Feige na Marvel Studios no que diz respeito aos títulos vinculados ao projeto Vingadores.
Vale lembrar que Geoff Johns tem muita familiaridade com o universo DC Comics. Nos quadrinhos, ele já roteirizou histórias do Superman, da Liga da Justiça, do Aquaman e do Lanterna Verde e também esteve à frente das elogiadas séries animadas dos personagens na TV. Para selar a sua entrada como “cabeça” do universo DC, Johns anunciou que pretende tornar os filmes da Liga da Justiça e todos os títulos vinculados a ele mais “esperançosos e otimistas”, uma clara resposta às críticas que acharam Batman vs. Superman dark demais para filmes de super-heróis e as preocupações dos fãs de que o mesmo tom seja adotado nos demais títulos dos personagens.
O anúncio sucede uma série de outras notícias envolvendo a “dança das cadeiras” por lá. Já foi oficializado o filme solo do Batman sob a direção e o roteiro de Ben Affleck, que também estrelará a produção como o personagem; o diretor Seth Grahame-Smith saiu do comando do filme do Flash; e, mais uma vez ele, Ben Affleck será produtor de Liga da Justiça, tendo uma função criativa importante no projeto. Portanto, para o bem ou para o mal, relevantes decisões e mudanças estão sendo feitas na gerência desses filmes. Se, por um lado, tudo isso pode soar “desespero” por parte da Warner, que estaria fazendo essa dezena de anúncios como uma medida para acalmar os fãs mais indóceis dos quadrinhos, podendo parecer também preocupante tendo em vista que tudo isso está acontecendo no exato momento em que Liga da Justiça começa a ser filmado, por outro lado, pode realmente ser traduzido em mudanças positivas antes que tudo de fato desande por lá, afinal, humildade em reconhecer os erros e correr atrás do prejuízo é prudência e sabedoria.
Liga da Justiça chega aos cinemas em 16 de novembro de 2017.
No entorno de toda essa movimentação nos bastidores da Warner/DC estão dois títulos que, ao que tudo indica, parecem não ter sido afetados pela recepção a Batman vs. Superman, Esquadrão Suicida, que reunirá um grupo de vilões do universo DC, e Mulher Maravilha, cujas filmagens foram encerradas nesse mês de maio, conforme anúncio da atriz Gal Gadot via Instagram. E os executivos da Warner/ DC estão muito animados com ambos, principalmente com Esquadrão Suicida. Tanto que essa semana foi divulgado pelo The Hollywood Reporter que está em desenvolvimento no estúdio um filme solo com a Arlequina, personagem da atriz Margot Robbie em Esquadrão Suicida.
Desde que saíram os primeiros trailers dos filmes, a popular parceira do Coringa nos quadrinhos tem sido um dos assuntos mais comentados quando se fala de Esquadrão Suicida. O que se comenta é que todos andam tão impressionados com o desempenho de Robbie como a personagem e que ela mergulhou tanto no processo de composição que seria impossível não considerar um filme protagonizado pela Arlequina em um futuro próximo. Segundo o The Hollywood Reporter, o longa teria um tom “girl power” e traria outras personagens femininas do universo DC , entre vilãs e heroínas, como a Hera Venenosa, parceira constante da Arlequina nas HQs, a Batgirl e a Canário Negro. De acordo com o veículo, Robbie terá uma importante participação na concepção do roteiro e já está, mais uma vez, mergulhando nas HQs da personagem para entender que ideias podem funcionar nesse novo filme, que não tem previsão de estreia.
Entender até que ponto esse projeto funcionará, não dá para saber, até porque Esquadrão Suicida ainda não estreou e tudo o que se tem sobre ele são notas de bastidor, expectativas e seus trailers, todos ótimos, por sinal. É esperar agosto, mês que o filme estreará no Brasil, para saber como Robbie está na pele da Arlequina. Acredito o andamento desse projeto solo da personagem depende do retorno que Esquadrão Suicida terá em agosto.
Dando uma pausa no universo dos super-heróis, essa semana o Festival de Cannes movimentou as pautas dos veículos especializados. Dos títulos que passaram pelo crivo de críticos e do público presente no evento, alguns não tiveram a recepção esperada, como foi o caso de: The Last Face, retorno de Sean Penn à direção de um longa-metragem (seu primeiro filme foi Na Natureza Selvagem), com Charlize Theron e Javier Bardem no elenco; The Neon Demon, do diretor Nicolas Winding Refn (que ganhou o prêmio de direção por lá em 2011 com Drive); e Personal Shopper, nova parceria do diretor Olivier Assayas (Acima das Nuvens) com a atriz Kristen Stewart. Os três projetos receberam vaias em suas exibições, mostrando-se como as decepções do festival, até o momento. Jogo do Dinheiro, filme dirigido por Jodie Foster com Julia Roberts e George Clooney no elenco, também não teve uma das recepções mais entusiasmadas do festival. O longa deve chegar pelas próximas semanas no Brasil.
Filmes de cultuados cineastas também passaram por lá, mas tiveram respostas positivas para alívio dos cinéfilos. O novo longa de Steven Spielberg, O Bom Gigante Amigo, teve uma recepção amistosa, mas ficou dividido entre a crítica norte-americana que enxergou no título um retorno do realizador aos seus tempos de filmes como E.T. – O Extraterrestre e a crítica europeia que reagiu com desdém à nova produção de fantasia do diretor. Por sua vez, a abertura do festival com Café Society do Woody Allen pareceu uma decisão acertada dos realizadores do evento, já que o filme do cineasta teve um ótimo retorno dos críticos, alguns os considerando como o seu melhor filme desde Meia Noite em Paris, que também fora exibido em Cannes em 2011. Além disso, Café Society rendeu elogios a performance de Kristen Stewart, a grande estrela do filme e que tem sido a “queridinha” dos críticos por lá desde o seu ótimo desempenho em Acima das Nuvens. Julieta, de Pedro Almodóvar, também teve sua passagem por Cannes e confirmou o talento do diretor espanhol na condução de histórias centradas no universo feminino. O título foi enaltecido pela sua abordagem sobre temas como a maternidade e teve, no geral, um retorno bastante positivo no evento.
No que diz respeito aos prêmios, dois títulos parecem despontar na bolsa de apostas para a cobiçado Palma de Ouro, que esse ano será decidida pelo júri encabeçado pelo realizador George Miller (Mad Max – Estrada da Fúria): a comédia Toni Erdmann, de Maren Ade, até o momento, apontado por todos como o título mais surpreendente da seleção; e o brasileiro Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que, por sinal, anda sendo alvo de uma tentativa insana de “boicote” no seu próprio país, com direito a ofensas lamentáveis desferidas contra seus envolvidos. O longa de Mendonça Filho levou Sonia Braga de volta ao festival e faz da estrela uma forte concorrente ao prêmio de melhor atriz do ano. Apostar em um título que vai levar a Palma de Ouro é sempre difícil, por mais que os indicadores e que a crítica nos aponte para um certo caminho, o júri pode surpreender a gente. Então, mesmo que esses longas tenham tido respostas muito positivas de quem esteve no festival, o resultado pode ser outro, completamente diverso do esperado. O Festival de Cannes 2016 será encerrado nesse domingo, dia 22, data em que será anunciada a sua lista de premiados.
Nota: Dois outros títulos também receberam retornos positivos: a comédia de ação Dois Caras Legais, de Shane Black (Beijos e Tiros), com Ryan Gosling e Russell Crowe, que deve chegar em breve no circuito comercial por aqui; e Loving, de Jeff Daniels (O Abrigo e Amor Bandido), com Joel Edgerton, Michael Shannon e Ruth Negga .