Nesta terça-feira (20), Nicole Kidman está completando 50 anos. No auge da sua maturidade profissional, Kidman segue colhendo os louros da sua poderosa interpretação na minissérie da HBO Big Little Lies e esteve recentemente nos cinemas com Lion: Uma Jornada para Casa, longa que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar. A jornada da australiana, no entanto, não começou agora, claro. Na ativa desde os anos de 1980, Kidman coleciona glórias e derrotas em uma carreira cheia de altos e baixos que a atriz administra com igual graciosidade e talento através de escolhas ousadas que desafiam os padrões hollywoodianos até hoje. Aproveitando a ocasião, fizemos um retrospecto da carreira de Nicole em 10 atos que justificam nosso amor por essa diva australiana que por tantos anos nos encanta com suas atuações.
Ato um: A carreira na Austrália
Quando começou a trabalhar na Austrália, Nicole Kidman tinha por volta dos seus 15 anos de idade. Alta, sardenta e ostentando cachos ruivos que lhe renderam apelidos nada carinhosos nos tempos de escola, Nicole teve seus primeiros passos na televisão australiana com o filme Skin Deep e conseguiu ser apadrinhada por gente graúda, como o diretor George Miller (Mad Max), que começou a escalar a atriz para muitas de suas produções. A ótima relação com Miller rendeu a Nicole duas atuações até hoje celebradas na Austrália: as minisséries Vietnam (1987) e Bangkok Hilton (1989), produções da Kennedy Miller, produtora do cineasta. Pela primeira, Kidman conseguiu o prêmio de melhor atriz pelo Australian Film Institute na categoria minissérie interpretando uma jovem ativista anti-guerra que se comove com a situação de australianos envolvidos no conflito do Vietnã( 2:55):
Ato dois: A chegada em Hollywood
Kidman estrelou uma dúzia de filmes australianos que contribuíram para a construção do seu estrelato local, como Bush Christmas, Bicicletas Voadoras, Archer: O Corcel Lendário e A Dança das Sombras. Porém, não demoraria muito para Hollywood perceber a atriz. A oportunidade veio em 1989 com Terror a Bordo, thriller dirigido pelo australiano Phillip Noyce. No longa, Kidman e Sam Neill interpretam um casal que decidem passar um tempo isolado em alto mar para esquecer uma tragédia familiar e acaba dando de cara com um estranho que teve um problema com seu barco. Diferente das produções australianas anteriormente protagonizadas por Nicole, Terror a Bordo teve um alcance mundial e foi distribuído pela Warner. Assim como Vietnam e Bangkok Hilton, o filme era produzido por George Miller e parecia formatado para catapultar a carreira de Nicole. Ao repercutir nas bilheterias e ter uma ótima aceitação da crítica, Nicole passou a ser chamada para testes em grandes produções hollywoodianas como Ghost: Do Outro Lado da Vida. Sua estreia em Hollywood, no entanto, foi numa participação em Dias de Trovão, de Tony Scott, onde a atriz interpretou uma médica que envolvida amorosamente com o piloto de corridas vivido pelo astro Tom Cruise, com quem se casaria e protagonizaria também Um Sonho Distante, aventura romântica sobre a corrida do ouro nos EUA conduzida por Ron Howard, em 1992.
Ato três: Voos solo
Se desvencilhar do título “Sra. Tom Cruise” foi difícil para a atriz. Sua carreira em Hollywood não parecia trazer nem vestígios dos seus primeiros anos na Austrália. Mesmo tendo sido indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante pelo longa Billy Bathgate: O Mundo aos seus Pés em 1992, nenhum dos trabalhos de Nicole que seguiram Dias de Trovão pareciam expressivos, como atestam o dramalhão Minha Vida e o suspense Malícia, ambos de 1993. Mesmo Um Sonho Distante, que teve uma relativa repercussão, parecia ser sufocado pelo interesse público na vida íntima de Kidman e seu marido.
As coisas começaram a mudar a partir de 1995. Nicole saiu um pouco da sombra de Cruise e protagonizou dois dos filmes mais emblemáticos de sua carreira. No verão americano, ela esteve em Batman Eternamente interpretando a psiquiatra Dra. Chase Meridian, interesse amoroso do icônico herói da DC Comics. O filme de Joel Schumacher foi uma das dez maiores bilheterias daquele ano e bateu o recorde de melhor abertura de um filme marcado antes por Jurassic Park em 1993. Era o hit que Kidman precisava. Por sua vez, ainda em 1995, a atriz esteve em Cannes com a comédia de humor negro Um Sonho sem Limites do cineasta Gus Van Sant na qual interpretou a ambiciosa repórter de TV Suzanne Stone Maretto, uma interpretação que lhe valeu elogios, prêmios como o Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical e o Critic’s Choice Awards de melhor atriz e rumores de uma primeira indicação ao Oscar, que, para a decepção de muitos, não ocorreu.
O longa marcou a estreia dos jovens Joaquin Phoenix e Casey Affleck e acaba de ser lançado pela primeira vez em DVD no Brasil pela distribuidora Obras-Primas. Entre as cenas mais memoráveis da atriz no longa está um monólogo de abertura que nos dá pistas da natureza doentia da personagem e da sua obsessão pela fama a qualquer preço:
Ato quatro: Kubrick, Um mentor
Após Um Sonho sem Limites, muitos esperavam que Kidman tomasse as rédeas da sua carreira. Em 1996, a australiana protagonizou enfim um longa da sua amiga Jane Campion, o drama de época Retratos de uma Mulher, baseado no romance homônimo de Henry James, e obteve elogios por sua atuação ao lado de John Malkovich como uma jovem que se vê enredada em uma relação abusiva com um mau caráter. Ao filme de Campion, seguiram títulos mais comerciais como O Pacificador e Da Magia à Sedução, nos quais Nicole dividia a tela com George Clooney e Sandra Bullock, respectivamente. Contudo, parecia que Nicole abria mão de certos projetos para se dedicar mesmo ao seu casamento a à criação dos dois filhos que adotara com Cruise, Isabella e Connor.
Tudo mudaria quando o casal decidiu participar de um projeto do cultuado cineasta Stanley Kubrick, De Olhos bem Fechados. Inspirado no romance Traumnovelle de Arthur Schnitzler, o longa contava a história de um homem que após uma discussão com sua esposa empreendia uma jornada de descoberta sexual em Nova York. Dois anos intensos de convivência com Kubrick nos sets de De Olhos bem Fechados renderam a Nicole uma relação muito próxima com o cineasta e sua família. Até hoje, Kidman repercute as palavras e conselhos de Kubrick dados na ocasião das filmagens do drama, “Proteja seu talento, invista nele, escolha os autores”, relembra a atriz. Essas ideias acabaram influenciando de fato aquilo que Nicole Kidman buscou para si em sua carreira e traz consigo uma relação de devoção e entrega da atriz com seus diretores que se repete em outros projetos.
De Olhos bem Fechados foi o último trabalho de Stanley Kubrick nos cinemas. Em 1999, quando saiu para divulgar o filme, Nicole não conseguia esconder a emoção ao falar do amigo Kubrick (5:38):
Ato cinco: Kidmania
2001 foi um ano tumultuado na vida da atriz. Na vida pessoal, Kidman estava passando pelo divórcio e por toda sorte de exposição advinda dele. Porém, no primeiro ano do século XXI, a atriz desabrochou aos olhares do mundo. Em Cannes, Nicole apresentava Moulin Rouge, renascimento dos musicais conduzido pelo australiano Baz Luhrmann ambientado na virada do século XX (mais pertinente e simbólico que isso, impossível!) protagonizado por uma cortesã da famosa casa de shows parisiense e um aspirante a escritor interpretado por Ewan McGregor. Moulin Rouge trazia em sua trilha uma compilação de hits popularizados nas versões de Nirvana, David Bowie, Madonna e Elton John interpretados pelo elenco do filme. Inegavelmente, Moulin Rouge é o trabalho que imortaliza Nicole Kidman nas telas e nada pode ser mais emblemático sobre o ícone que surgia aos nossos olhos do que a entrada de sua Satine no Moulin Rouge cantando “Diamonds are a girl’s best friend”:
Como se não bastasse o sucesso de Moulin Rouge, Kidman ainda lançaria em 2001 o suspense Os Outros, de Alejandro Amenábar. No filme, Nicole interpreta uma mulher à espera do retorno do seu marido da guerra enquanto cuida dos seus dois filhos doentes. Tal qual Moulin Rouge, Os Outros caiu nas graças do público e da crítica. Nicole estava em todas as capas de revista e manchetes de jornais como o nome de Hollywood em 2001, acenando a chegada de sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz com Moulin Rouge. Na época, ficou notória a sua primeira grande entrevista para o apresentador David Letterman no Late Show no qual Nicole teve sim que falar do divórcio, mas também abordava o ótimo momento da sua carreira e como o público estava acolhendo-a:
Ato seis: O Oscar
Dividindo a tela com Meryl Streep e Julianne Moore, Nicole Kidman conseguiu o Oscar de melhor atriz pelo filme As Horas, do diretor inglês Stephen Saldry, interpretando a escritora Virginia Woolf. Baseado no romance homônimo de Michael Cunningham, o longa intercala um dia na vida de três mulheres atravessadas pelo romance Sra. Dalloway: a escritora do livro Virginia Woolf (Nicole), única personagem que de fato existiu fora da ficção; a dona de casa Laura Brown (Moore); a editora de livros Clarissa Vaughn (Streep). O longa até hoje é bastante cultuado, sobretudo na comunidade LGBT, e não só rendeu 9 indicações ao Oscar, como também um prêmio de melhor atriz coletivo para suas três protagonistas no Festival de Berlim. Sozinha, Nicole levou o prêmio de melhor atriz em drama no Globo de Ouro (o terceiro da sua carreira) e de melhor atriz no Bafta.
No Oscar, Kidman enfrentou a concorrência de Renée Zellweger (Chicago), Julianne Moore (Longe do Paraíso), Salma Hayek (Frida) e Diane Lane (Infidelidade). Para viver Virginia, Nicole sofreu uma drástica transformação física, o que incluia uma prótese de nariz para ficar mais próxima da aparência da escritora. A transformação gerou inclusive uma piada do ator Denzel Washington que entregou o prêmio da Academia para a atriz. Na ocasião, os EUA invadia o Afeganistão pós-11 de setembro e a cerimônia foi marcada por alguns discursos de cunho político (Michael Moore ganhou o prêmio de melhor documentário por Fahrenheit 9/11). Nicole fez um desses discursos e falava sobre a importância da arte em tempos sombrios como aquele que o mundo vivia:
Ato sete: Star quality nos seus próprios termos
Com Hollywood a seus pés e um Oscar em suas mãos, Kidman poderia trilhar os caminhos das suas colegas e ficar satisfeita com mega contratos para produções de grande orçamento ou aspirar ser a nova “queridinha da América” em comédias românticas. Pós-Oscar, contudo, Kidman se comprometeu com Reencarnação de Jonathan Glazer, um drama difícil e só redescoberto pela cinefilia anos depois de seu lançamento. Nele a australiana interpretava uma viúva que acreditava piamente que um garoto de 10 anos era a reencarnação do seu falecido marido. Movida pelo mesmo desejo de procurar os “autores”, um ano antes, após o sucesso de Os Outros e Moulin Rouge, Kidman foi para a Europa filmar Dogville de Lars von Trier, drama sobre uma mulher explorada por uma comunidade rural no interior dos EUA filmado em um galpão com um cenário formado apenas por marcações de giz no chão.
Nicole, contudo, nunca deixou de buscar produções mais populares como a adaptação cinematográfica da série de TV A Feiticeira, filmes que exploravam seu status de diva das telas como Cold Mountain, Austrália e Nine ou aceitar cachês milionários como os US$ 17 milhões por Invasores. Porém, a atriz alternava essas escolhas com trabalhos de cineastas cultuados ou que haviam acabado de ser descobertos pela crítica como A Pele, por exemplo, cinebiografia da fotógrafa Diane Arbus conduzida Steven Shainberg, diretor de Secretária.
Assim, Kidman firmava algo que já se desenhava em 1995, quando ofereceu ao público Batman Eternamente, mas também Um Sonho sem Limites. Isso se repetia em seu momento pós-Oscar. No ano de 2007, Nicole esteve nos cinemas com o blockbuster A Bússola de Ouro (foto), mas também no indie Margot e o Casamento, de Noah Baumbach, ao lado de Jennifer Jason Leigh e Jack Black.
Uma matéria recente do Buzz Feed aborda essa política traçada por Kidman em sua carreira e mostra como ao mesmo tempo em que esse caminho parece um “mundo ideal” na concepção de uma trajetória profissional, trouxe percalços para Nicole. Ao trafegar pelas duas frentes, a atriz parecia não conseguir ser uma figura pública popular o suficiente tal qual contemporâneas como Cameron Diaz ou Julia Roberts e também sofrer um certo desdém do circuito independente que a via como uma estrela intocável de Hollywood. Leia a matéria completa aqui.
Ato oito: Blossom Films
Aos 40, Kidman passava por uma escassez de projetos típica de toda atriz em sua faixa etária. Se preparando para a maturidade, a australiana fez o que muitos atores costumam fazer, abriu a sua própria produtora de cinema. Junto com o sócio Peer Sari, Nicole fundou a Blossom Films para que, entre outras coisas, pudesse levar à frente projetos nos quais desejasse atuar. O primeiro deles foi o drama de baixo orçamento (US$ 5 milhões) Reencontrando a Felicidade, adaptação cinematográfica da peça A Toca do Coelho da David Lindsay-Abaire que havia rendido um Tony de melhor atriz para Cynthia Nixon. O projeto fora roteirizado pelo próprio dramaturgo e contava a história de um casal lidando com a recente morte do único filho.
Inicialmente, o filme seria dirigido por Sam Raimi, da primeira trilogia Homem-Aranha, mas a atriz acabou oferecendo a condução para John Cameron Mitchell, do cultuado musical indie Hedwig. O longa estreou no Festival de Toronto em 2010 com muitos elogios para a interpretação de Nicole e acabou lhe rendendo muitas indicações naquela temporada de prêmios do cinema. A cereja no bolo foi a terceira indicação ao Oscar na carreira da atriz. Durante as entrevistas no tapete vermelho, Kidman enfatizava como aquela indicação tinha um “sabor” especial pois se tratava de um projeto que partiu da sua iniciativa:
Durante um tempo, Kidman esteve com A Garota Dinamarquesa em suas mãos e interpretaria o papel que acabou sendo vivido pelo ator Eddie Redmayne nos cinemas, a transsexual Lili Elbe. Ela atuaria ao lado de Charlize Theron e seria dirigida por Tomas Alfredson (Deixe Ela Entrar). A Blossom Films teve que ceder os direitos do longa pela dificuldade de financiar o projeto. A segunda produção da Blossom Films foi Desafiando a Arte, um longa dirigido e protagonizado por Jason Bateman, que também contava com Nicole em seu elenco. O filme teve uma ótima aceitação da crítica, mas enfrentou dificuldades no mercado exibidor, tendo sido visto por pouquíssima gente. No Brasil, chegou diretamente em DVD. Vale a pena ser assistido, inclusive, leia nossa crítica sobre o longa aqui.
Ato nove: Administrando o fracasso
Em 2012, apesar de dividir críticos com o polêmico Obsessão de Lee Daniels, Nicole Kidman foi elogiada em Cannes e recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao SAG pelo papel da ninfomaníaca (“Barbie californiana”, segundo um crítico do The Guardian) que vivia um triângulo amoroso com Zac Efron e John Cusack. Naquele mesmo ano, Kidman era indicada aos mesmos prêmios e recebia sua primeira indicação ao Emmy pelo telefilme da HBO Hemingway e Gelhorn, que contava o relacionamento tumultuado entre o escritor Ernest Hemingway (interpretado por Clive Owen) e a correspondente de guerra Martha Gelhorn. Um ano depois, a atriz estrelou Segredos de Sangue, primeiro e único filme nos EUA do sul-coreano Park Chan-wook (Oldboy). O filme buscava inspirações em A Sombra de uma Dúvida de Hitchcock e Nicole interpretava uma viúva cuja relação com a filha adolescente era tumultuada a partir da chegada do tio da jovem.
Kidman seguia apostando na diversidade e nos riscos de seus papéis e projetos. Para se ter uma ideia, a australiana saiu dos sets de Obsessão e Segredos de Sangue, onde viveu personagens sombrios em produções conduzidas por diretores com personalidades muito fortes, para entrar no universo sofisticado da realeza de Mônaco interpretando Grace Kelly na biografia Grace de Mônaco, longa do francês Olivier Dahan (Piaf: Um Hino ao Amor). O filme foi ridicularizado no Festival de Cannes em 2014, saindo de lá como a pior abertura da história do festival, foi rejeitado pela família real de Mônaco e protagonizou machetes com direito a trocas de ofensas entre o roteirista Arash Amel, o diretor Olivier Dahan e o produtor Harvey Weinstein a respeito da responsabilidade pelo resultado final. Com o profissionalismo que lhe é peculiar, Kidman promoveu o projeto o quanto pôde. Prova disso é que em 2016, após ter sido lançado diretamente para a TV pela Lifetime, a atriz foi indicada ao SAG e seguiu falando com naturalidade sobre a sua Grace Kelly e os problemas que envolveram o contexto de recepção da biografia:
Ato 10: Renascença?
Ao final do episódio You Get What You Need de Big Little Lies, o Twitter foi tomado por inúmeros posts que se mostravam surpresos e impressionados com o alcance da interpretação de Nicole Kidman como Celeste Wright, advogada que abdica da carreira pelo casamento. Nicole é uma das pontas centrais de Big Little Lies, minissérie dirigida por Jean-Marc Vallée (Livre e Clube de Compras Dallas) e escrita pelo lendário David E. Kelley (Ally McBeal). Para a atriz, que há anos não fazia um trabalho tão intenso para a TV, a experiência foi nova, sobretudo por acompanhar a repercussão semana-a-semana dos episódios da série nos lugares onde ia e nas redes sociais. Kidman repercutira a experiência no programa da apresentadora Ellen DeGeneres:
Meses antes, Kidman havia recebido sua terceira indicação ao Oscar pelo filme Lion: Uma Jornada para Casa, de Garth Davis, a primeira da sua carreira como atriz coadjuvante. Um pouco mais adiante no tempo, em abril, o Festival de Cannes anuncia a sua seleção de títulos a serem exibidos e na lista nada menos do que quatro projetos com o nome de Nicole no elenco: O Estranho que Nós Amamos, de Sofia Coppola; The Killing of a Sacred Deer, de Yorgos Lanthimos (O Lagosta); a segunda temporada da série Top of the Lake, de Jane Campion; e How to talk to girls at Parties, de John Cameron Mitchell. Em cada um deles, Nicole vive um papel diferente: a diretora de uma casa para garotas durante os tempos de guerra civil nos EUA, a esposa de um médico, uma feminista e uma punk. Nos quatro, Kidman recebeu muitos elogios por suas performances e saiu do festival com um prêmio comemorativo pela 80ª edição do evento. Na coletiva de The Killing of a Sacred Deer, Nicole tentou dimensionar para os jornalistas essa fase tão produtiva:
Estaríamos vivendo o que muitos têm chamado de renascença da carreira de Nicole Kidman ou sua redescoberta pelo grande público. Essa “renascença” não chega a ser uma surpresa para quem a acompanha há anos. Talvez a proporção que tenha assumido seja surpreendente, mas Nicole conseguiu isso fazendo exatamente as escolhas corajosas que sempre fez ao longo de sua trajetória, ou seja, sendo coerente com seu “modo Nicole Kidman de administrar o estrelato”. É, contudo, uma fase emblemática pois coincide com a chegada dos seus 50 anos, uma fase que costuma ser vista como uma etapa crítica na trajetória de qualquer atriz, afinal, Hollywood segue machista e o cinema americano é um lugar nada amistoso para mulheres na casa dos 50 anos. Ao receber um prêmio da revista Glamour, no entanto, Nicole dá o seu recado, ela está só começando!
Confira também o especial que fizemos ano passado clicando aqui.