Memória: Um Lugar Chamado Notting Hill, com Julia Roberts e Hugh Grant

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Há 15 anos era lançado o romance “Um Lugar Chamado Notting Hill”. Primeiro longa do diretor Roger Michell (“Um Final de Semana em Hyde Park”), o filme traz um clássico modelo de filmagem britânica, misturando atores locais e americanos e seguindo uma narrativa acompanhada de linda trilha sonora. No enredo, Will, interpretado pelo galã de comédia romântica Hugh Grant, é o dono fracassado de uma livraria especializada em turismo. Sua vida segue rotineira depois que ele se divorciou da mulher, que o traiu. Em estado de quase depressão, ele pouco conhece do mundo artístico ao seu redor, quando se depara com Anna, famosa atriz americana, vivida pela belíssima Julia Roberts. Claro que, inicialmente, ele não a reconhece, mas se encanta de cara com sua beleza. Depois de um incidente com um copo de suco de laranja e um beijo roubado, ela liga para sua casa, dando início a um romance tímido.

Possivelmente por conta do sotaque fortíssimo da maior parte do elenco, o filme aconchega e mescla a frieza do inglês com a sua vivacidade no relacionamento. Os amigos de Will são importantíssimos na trama, superando os papéis de coadjuvantes. A louca irmã que só se dá mal em namoros (Emma Chambers), a amiga que foi seu primeiro amor e agora vive numa cadeira de rodas (Gina McKee), o amigo que “roubou” sua paixão (Tim McInnerny), o conhecido perdedor (Hugh Bonneville) e o colega de quarto completamente sem noção e hilário (Rhys Ifans). Seguindo uma narrativa leve e envolvente, o longa traz com naturalidade um possível conto de fadas, onde um reles empresário falido consegue conquistar uma artista super famosa e viver uma história de amor. É interessante observar o equilíbrio que o diretor traz ao não colocar nenhum dos dois protagonistas em posição de superioridade, colocando-os em patamar horizontal no relacionamento. Embora Anna mude completamente a vida de Will, ele também traz o “pé no chão” que ela precisa para dar sentido a dela.

Uma das comédias românticas mais lindas dos últimos tempos, “Um Lugar Chamado Notting Hill” chama a atenção para a possibilidade de criar um filme do gênero que possua conteúdo e não beire o patético. É perceptível a qualidade do longa e como ele se destaca das produções que o seguiram. Atenção especial para trilha sonora que encanta a cada cena. Uma excelente pedida para o fim de semana.

Os envolvidos 15 anos depois

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Roger Michell

Depois do sucesso de “Um Lugar Chamado Notting Hill”, o diretor acumulou uma filmografia nada excepcional que inclui “Amor Para Sempre” (2004), onde ele repetiu a parceria com Rhys Ifans, e “Uma Manhã Gloriosa” (2010), que se anunciou como uma comédia romântica diferente, mas caiu no usual e não impressionou. Michell se redimiu com “Um Final de Semana em Hyde Park” (2012), no entanto, continuou deixando na expectativa o público que assistiu e se encantou com sua obra-prima.

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Hugh Grant

Seguindo sua tendência de atuar em comédias românticas, Grant teve altos e baixos na carreira, de “Um Lugar Chamado Notting Hill” para cá. Apesar do fracasso de “Amor à Segunda Vista” (2002), ele conseguiu emplacar ótimos personagens em “Simplesmente Amor” (2003) e “O Diário de Bridget Jone” (2001 – e continuações). Contrastando com seu perfil mulherengo e cafajeste na vida real, no cinema ele tende a interpretar o bom moço que sofre para conseguir manter um relacionamento.

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Julia Roberts

Apesar do seu nome de peso e enorme sucesso nos anos 90 (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por “Uma Linda Mulher” (1990) e a estatueta por “Erin Brokovich – Uma Mulher de Talento” (2000)), Roberts passou um período em baixa no final dos anos 2000. Logo após seu papel como Anna, ela emplacou “A Mexicana” (2001), “O Sorriso de Mona Lisa” (2002) e “Closer – Perto Demais” (2004), mas esteve também no chato “Duplicidade” (2009) e no indeciso “Amor, Felicidade ou Casamento” (2010). Na cerimônia do Oscar deste ano, ela concorreu ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel impressionante em “Álbum de Família”, mostrando que voltou aos tempos áureos com toda força.