Entre os atores coadjuvantes dessa edição do Oscar, uma variedade de papéis e de históricos de carreira. Temos dois vencedores nessa mesma categoria em edições recentes do prêmio, dois veteranos nunca antes indicados e uma jovem estrela em ascensão. Em diferentes filmes e com personagens que de fato existiram fora das telas e outros criados para seus respectivos projetos, os cinco nomes que concorrem ao prêmio são:
Mahershala Ali, por Green Book: O Guia
Mahershala Ali segue ganhando todos os prêmios da temporada como o pianista Don Shirley de Green Book: O Guia (Globo de Ouro, SAG Awards e Critic’s Choice Awards). Caso vença o Oscar, esse será o segundo prêmio do ator na categoria, anteriormente ele havia vencido por Moonlight: Sob a Luz do Luar. No longa, o ator incorpora o estudioso e exímio pianista durante uma temporada em que viaja pelos EUA na companhia de um motorista recém contratado de quem se torna amigo, o italiano Tony Lip de Viggo Mortensen. Ali é tão protagonista do filme quanto seu principal colega de cena, mas por razões estratégicas o estúdio responsável pela distribuição do filme o inscreveu nas premiações como coadjuvante assim o ator tem sido imbatível numa temporada de prêmios levemente morna em sua categoria. A vitória virá num momento bom para a carreira de Ali, que estrela a atual temporada da série True Detective da HBO.
Richard E. Grant, por Poderia me Perdoar?
Após anos de uma carreira prolífica que inclui filmes como Assassinato em Gosford Park e Os Desajustados, o suíço Richard E. Grant finalmente consegue o reconhecimento da Academia por interpretar Jack Hock, o melhor amigo da escritora Lee Israel de Melissa McCarthy no drama Poderia me Perdoar?. O ator tem ótimos momentos na companhia da atriz, mas também tem cenas marcantes no filme, compondo um sujeito extremamente safo nas ruas novaiorquinas. Grant é um coadjuvante magnético em cena, compondo com precisão cirúrgica os trejeitos do seu personagem e dando sabor a cada um das suas ótimas falas no filme. Após anos passando despercebido em filmes que chamaram a atenção do público recentemente como Jackie e Logan, a expectativa é que a merecida indicação renda ainda mais oportunidades ao ator.
Adam Driver, por Infiltrado na Klan
O terreno para uma indicação de Adam Driver ao Oscar vinha sendo construído gradualmente nos últimos anos. Trabalhando com diretores consagrados como Steven Soderbergh (Logan Lucky), os irmãos Coen (Inside Llewyn Davis), Jim Jarmusch (Paterson) e Martin Scorsese (Silêncio), Driver passou de galã cult da TV por sua presença na série Girls a estrela do universo geek na pele do vilão Kylo Ren na nova trilogia Star Wars. Em Infiltrado na Klan, Driver é dirigido por mais uma lenda do cinema, Spike Lee, num de seus melhores filmes em anos, interpretando um policial judeu que serve como instrumento no plano de infiltragem da Ku Klux Klan engendrado pelo parceiro vivido por John David Washington. A primeira indicação ao prêmio pode ser um indicativo de vitórias futuras, mas esse não parece ser o momento ainda que o filme seja um dos mais badalados e queridos da temporada.
Sam Elliott, por Nasce Uma Estrela
Sam Elliott é uma das figuras mais conhecidas de Hollywood e está na ativa desde os anos de 1960. Esteve em longas como Matador de Aluguel, protagonizado por Patrick Swayze em 1989, no clássico dos irmãos Coen O Grande Lebowski e no blockbuster A Bússola de Ouro. Em 1995, o ator chegou na temporada de prêmios com indicações ao Globo de Ouro pelo telefilme O Aventureiro do Oeste e ao mesmo prêmio e ao Emmy por sua atuação em Buffalo Girls, minissérie protagonizada por Anjelica Huston e Mellanie Griffith. Na temporada passada, Elliott chegou a gerar algumas especulações na temporada de premiações por sua performance no ainda inédito no Brasil The Hero. Na estreia de Bradley Cooper como diretor, Elliott interpreta o tio do personagem do músico Jack, uma figura paterna importante na sua vida e carreira. Elliott tem poucos momentos no drama, contudo, são três cenas cortantes que definem o personagem de Cooper. Como ocorrido com E. Grant, a expectativa é que a indicação renda mais convites ao ator.
Sam Rockwell, por Vice
Vencedor nessa mesma categoria ano passado por Três Anúncios para o Crime, Sam Rockwell aproveita o bom momento da sua carreira e está mais uma vez no Oscar. Em Vice, o ator interpreta o ex-presidente americano George W. Bush na biografia do político Dick Cheney, seu vice vivido por Christian Bale. Da maneira mais debochada possível, Rockwell pega todos os trejeitos de Bush, mas também sabe estabelecer limites para não cair na caricatura, entendendo precisamente o que o diretor Adam McKay quer com seu longa. Podemos interpretar a indicação como um “respingo” dos louros passados do ator, que levou todos os prêmios na categoria temporada passada, mas há méritos.