Entrevista: Gustav Lindh, ator sueco do longa Rainha de Copas

Chegou aos cinemas esta semana o longa dinamarquês/sueco Rainha de Copas, um drama que fala sobre a relação de uma advogada de direito das crianças e dos adolescentes com seu enteado. Ela acaba se envolvendo romanticamente com o jovem rebelde e os dois vivenciam emoções profundas e necessárias para cada um. O longa é uma ótima análise sobre as relações parentais, contextos sociais e obsessões afetivas. Confira a nossa crítica clicando aqui!

O Coisa de Cinéfilo teve a oportunidade de entrevistar o ator Gustav Lindh, sueco de 25 anos e protagonista do longa. Gustav é vencedor de prêmios, como de Melhor Ator na categoria “Competição de Cinema Jovem” no Festival Internacional de Hong Kong (2019) e Estrela em Ascensão, no Festival de Stockholm (2017).

Confira a entrevista realizada no Rio de Janeiro!

Então, minha primeira pergunta é sobre o quão desafiante foi para você interpretar uma figura masculina inocente em relacionamento, pois estamos tão acostumados a ver nos filmes de Hollywood a situação inversa, onde mulheres são seduzidas.

Gustav Lindh: Foi um grande desafio para mim. Eu nunca pensei nisso como uma perspectiva de gênero. Eu só queria interpretar esse personagem. Eu sempre faço pesquisas sobre quem é esse cara, de onde ele vem, o que está acontecendo com ele. Foi realmente interessante trabalhar com esse material porque ele tem tantas áreas cinzas, muitas impressões sobre a vida, poder, responsabilidade e as consequências de não tomar responsabilidade em certas situações.

Você enxerga que Anne (interpretada por Trine Dyrholm) sente inveja de sua juventude e ela quer estar com você porque está velha e entediada?

Gustav Lindh: Eu acho que há razões diferentes. Eu não quero dar muito spoiler, mas ele é muito malandro e não confia em muitos adultos. Ele está sozinho e sempre foi desse jeito, e por isso eu acho que ele quer foder as coisas. Eu não sei se posso falar palavrão. Mas é claro eu acho que ele é pego de surpresa em um certo momento. É complicado, ele muda durante a história e eu não quero contar muito do filme. É complexo ser um ser humano.

Foto: Michel Gutwilen
Como foi trabalhar com essa maravilhosa atriz que é Trine Dyrholm?

Gustav Lindh: Foi fantástico, foi o melhor momento de minha carreira até agora. Ela é uma das melhores atrizes no mundo e ela melhorou meu desempenho. Ela sempre me levou muito a sério desde o início. Quando trabalhávamos, nós trabalhávamos. Viramos amigos e eu não acho que não seria muito estimulante trabalhar se ela me tratasse como um jovem iniciante, então nós realmente nos demos bem e foi minha melhor experiência até agora em um set.

Eu acho que Rainha de Copas possui uma interação interessante com o espectador, porque ao mesmo tempo nós sabemos que a relação de vocês dois é algo errado, mas também é fascinante. Você tem momentos lindos com ela, como na cena do lago ou quando estão conversando e usando o gravador. O que você acha disso?

Gustav Lindh: É definitivamente problemático, mas eu não quero moralizar sobre isso. Eu sempre tento não moralizar meus personagens. Eu tenho uma responsabilidade de estar em diálogo com a nossa diretora e todo mundo sobre qual o contexto e a história que estamos trabalhando, mas quando se trata de apenas fazer o personagem não posso ter nenhuma resposta moral sobre como ele age.

Você acha que esse filme pode colocar o cinema dinamarquês em um outro nível? Eu acho que o último filme dinamarquês de notoriedade internacional foi A Caça (2013). [ERRATA: existe também o ótimo Culpa, de 2018]

Gustav Lindh: Huh, esse é um filme muito bom. Bem, eu sou um grande fã do cinema dinamarquês. Eu só me sinto muito agradecido por ser parte disso. Está sendo muito bem recebido e na Dinamarca também está sendo um sucesso de bilheteria. Eu acho que os dinamarqueses são uma grande nação fazendo filmes e sou estou muito orgulhoso de fazer parte dessa família.

Você está trabalhando em algum novo projeto?

Gustav Lindh: Sim, eu estou. Desde que acabamos as filmagens de Rainha de Copas estive em três séries de TV, sendo que duas delas não posso falar sobre. Uma delas é chamada Love Me, que está recebendo um remake americano e a primeira temporada estreará daqui a 1 mês na Suécia, então fique ligado.