Dirigido e roteirizado pelos irmãos Pastor, A Casa é o novo thriller espanhol da Netflix. Narrando a história de Javier (Javier Gutiérrez), homem branco de meia idade que fora outrora um bem sucedido e rico publicitário. Agora, ele vê sua realidade cotidiana ruindo progressivamente, pois não consegue se reposicionar no mercado e, com isso, o alto padrão de vida que possuía vai desvanecendo.
Este elemento fica bastante compreensível para o espectador logo nos minutos iniciais de projeção. Após um tempo, começam a aparecer momentos que insistem em reforçar o que já ficou claro para o público. Contudo, na primeira metade, o longa parece que ainda pode vir a ser promissor. Com certo cuidado estético, os Pastor inserem uma atmosfera de suspensão que vai sendo criada progressivamente.
O trabalho de Pau Castejón (Tudo Parecia Perfeito) fomenta a aparente intenção de expressar as sensações do protagonista através das cores e enquadramentos. Na questão das temperaturas utilizadas, pode-se notar as oscilações de direcionamento das relações de Javier, juntamente com a virada dos rumos que o mesmo deseja seguir e como ele vai executando as suas ideias. As trocas entre o azulado e o alaranjado revelam as fraquezas e forças da personagem principal, sendo o verde e o vermelho o extremo dessas sensações dele.
Para complementar a formação da construção do contexto, das ações e a personagem principal, há a interpretação de Gutiérrez (O Autor). Reduzindo e segurando as suas expressões faciais e inserindo um peso em seus gestos contidos através da utilização de tônus, ele performa um homem meticuloso, estrategista e um tanto assustador. A noção de variação do texto chega também como uma qualidade, ao trazer intenções distintas com controladas modificações de aumento e redução de tom.
No entanto, as qualidades acima citadas são jogadas um tanto fora quando o filme não avança, anda em círculos e acaba não chegando a lugar algum. Isto se dá pelo fato dos roteiristas insistirem em mostrar as derrotas do protagonista, até a metade da narrativa, demorando demais para chegar ao turning point. Quando esta hora chega e as coisas começam a se encaminhar, já é preciso correr para a finalização e as soluções parecem um tanto fáceis e tolas. Um exemplo forte disto é a figura de Marga, esposa de Javier, que é jogada de lado em um dado momento e seu ciclo é fechado de uma maneira que beira ao ridículo.
No final das contas, A Casa acaba sendo um programa meio furado. As breves sensações de suspense vão se esvaindo e se transformando em tédio, o que pode acabar sendo uma experiência frustrante para quem assiste.
Direção: David e Àlex Pastor
Elenco: Javier Gutiérrez, Bruna Cusí, Mario Casas.
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