Celeste é uma estrela pop forjada por uma tragédia tipicamente americana. Depois que sobrevive a um atentado cometido por um adolescente armado na sua escola, a garota tem um vídeo com uma apresentação musical sua ao lado de sua irmã durante o funeral dos colegas viralizado. Imediatamente a adolescente é cooptada por empresários e jogada no mundo da fama com o seu primeiro álbum pop. Dali em diante, Celeste vira um grande ídolo americano e Vox Lux – O Preço da Fama acompanha um período de quase vinte anos da sua trajetória.
Dirigido e roteirizado por Brady Corbet (Acima das Nuvens), que ganhou um prêmio no Festival de Veneza por sua estreia com A Infância de um Líder, Vox Lux é tecido como um épico tipicamente americano ao centrar suas atenções na jornada de sua protagonista em meio a elementos comuns à história do país: violência, cultura das celebridades e neuroses privadas. Corbet confere grandiosidade ao vazio existencialista da vida de Celeste, utilizando sabiamente a locução de Willem Dafoe (Projeto Flórida)para conferir ainda mais pomposidade artificial à odisseia de sua heroína involuntária, nascida como uma fênix da tragédia para ser transformada em ídolo de uma geração.
Como uma breve história do país representada pela trajetória de sua protagonista, Vox Lux possibilita a Natalie Portman (Cisne Negro) mais uma performance excepcional. Com Celeste, Portman faz o retrato de uma estrela que procura camuflar a sua insegurança emocional com seu jeito verborrágico e, por vezes, agressivo, algo que jamais é controlado pelo staff composto pelo agente interpretado por Jude Law (Closer – Perto Demais), pela empresária vivida por Jennifer Ehle (O Discurso do Rei) e pela irmã mais velha interpretada por Stacy Martin (Ninfomaníaca).
Mais interessante que a estreia do seu diretor, mas não menos afetado, Vox Lux – O Preço da Fama é um grande palco para sua protagonista oferecer mais uma grande interpretação e procura tecer considerações pontuais sobre algumas décadas da história dos EUA. A potencialidade que os americanos têm de transformar a tragédia em espetáculo faz Corbet transformar em épica a mistura de crítica social com estudo de personagem, rendendo uma história peculiar sobre um tema recorrente na filmografia do país, a clássica narrativa sobre o nascimento de uma estrela, mas dessa vez em sua versão bem mais sombria.
Direção: Brady Corbet
Elenco: Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin, Jennifer Ehle, Raffey Cassidy
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