Todos Menos Você

Crítica: Todos Menos Você

2.5

Trazendo como protagonistas dois dos jovens atores do momento em Hollywood, Glen Powell, recém-saído de Top Gun: Maverick, e Sydney Sweeney, que chamou a atenção por sua atuação na série da HBO Euphoria, a comédia romântica Todos Menos Você deseja ser veículo para catapultar ainda mais a carreira de ambos. O longa de Will Gluck, cuja experiência no gênero é marcada por Amizade Colorida de 2011 com Mila Kunis e Justin Timberlake, é centrado na tensão sexual entre protagonistas que vivem ao longo da narrativa a já conhecida dinâmica de “gato e rato” para enfim se reconhecerem como “almas gêmeas” um do outro entre o segundo e último ato da história, inspirando-se em Muito barulho por nada de William Shakespeare.

No longa, Sweeney e Powell vivem duas pessoas que se conhecem ao acaso e imediatamente sentem que aquela relação pode se desenvolver para além do encontro fortuito ou da amizade. Um mal entendido entre eles os repele e eles passam a odiar um ao outro. Acontece que eles vão se reencontrar tempos depois em razão do casamento da irmã dela e da melhor amiga dele. Em nome do carinho que sentem pelo casal, eles resolvem aparentar uma trégua, mas é claro que não conseguem esconder por muito tempo algumas picuinhas e eles são envolvidos em uma série de problemas ao longo dos preparativos e dos festejos matrimoniais na Austrália.

Todos Menos Você

Para os fãs de comédias românticas, é animador ver um filme do gênero chegar aos cinemas com um marketing tão expressivo, isso porque parte das realizações mais populares desse tipo de história nos últimos anos têm ficado restritas aos serviços de streaming, com raríssimas exceções como Podres de Ricos, por exemplo. No entanto, infelizmente, Todos Menos Você não faz muita justiça às suas expectativas. O longa de Will Gluck é completamente refém das fórmulas que procura seguir e que são próprias a esse tipo de história, sem se atrever a sequer surpreender pontualmente o espectador. A sensação é que o longa nunca abre espaço para o mínimo de espontaneidade e sequer aproveita o carisma e o talento da sua dupla de protagonistas. Powell e Sweeney têm, inegavelmente, potencial e sex appeal, mas produzem uma faísca tão artificial na tela que o resultado do filme comprova como parte do que se falava sobre a química do casal foi pura construção de marketing para convencer o público a se interessar pelo filme.

Em Todos Menos Você, as piadas são as de praxe, os diálogos também são aqueles de sempre e a estrutura da história não surpreende muito. Não era necessário que Gluck realizasse grandes rupturas com o gênero, ou seja, Todos Menos Você nem precisaria “inventar a roda” ao contar esse tipo de história. Acontece que seria fundamental imprimir algum tipo de faísca na dinâmica de “amor e ódio” entre Sydney Sweeney e Glen Powell, além de um certo incremento e – por que não – um fator originalidade na apropriação das marcas do gênero. No final das contas, o que Todos Menos Você oferece é a experiência mais protocolar e sem carisma possível de uma comédia romântica, uma colagem de tantas outras mais expressivas que já assistimos ao longo da extensa lista de exemplares marcantes do gênero.

Direção: Will Gluck

Elenco: Sydney Sweeney, Glen Powell, Alexandra Shipp

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