crítica: ponto cego

Crítica: Ponto Cego

Chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 4 de outubro, o longa Ponto Cego, do diretor Carlos Lopez Estrada. É o primeiro filme dele e o cineasta definitivamente já mostrou para o que veio. No elenco, o também novato Rafael Casal e Daveed Diggs, que tem mais trabalhos em séries. Com essa mistura de novas energias, Ponto Cego surge como uma incógnita, mas rapidamente traça o seu perfil de qualidade.

Collin é um preso em liberdade condicional que está prestes a se ver livre da justiça e poder viver seus dias tranquilamente. Para isso, ele tem uma série de regras que precisa seguir para conseguir acertar suas contas. No entanto, ao presenciar uma execução envolvendo policiais, a vida de Collin muda completamente. Aquela situação funciona como um gatilho para vários problemas que ele deixava de lado.

Vamos começar com a construção da narrativa que não é nada menos que excelente. O diretor consegue mesclar o tom de comédia sarcástica e a tensão, sem falhar em nenhum dos aspectos. O filme, então, trata de temas importantes e pesados como o racismo velado e as questões diárias que os negros enfrentam para conseguir se posicionar na sociedade. Inicialmente, no entanto, o foco é mais no fato de que ele é um preso prestes a conquistar a liberdade. E isso por si só concede uma tensão absurda ao espectador, que fica sem respirar torcendo para que o protagonista nem saia de casa.

A medida que a história vai se desenvolvendo, novas camadas vão surgindo e mostrando que o problema talvez não seja tão simples quanto pensamos. O gatilho do protagonista é a execução de um negro. Ele estava dirigindo seu caminhão quando um jovem negro cruza a rua e é seguido por policiais. Ele estava desarmado e, ainda assim, o policial atira mais de uma vez e o mata. Transtornado com aquela visão, Collin passa a questionar as ações diárias que ele sofre.

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A questão do racismo é tratada de uma maneira extremamente assertiva e, ainda assim, cuidadosa. Embora o diretor não poupe o espectador em nenhum momento, ele constrói a evolução da temática de maneira tão conectada, que o resultado final é excepcional. Paralelo a isso, os personagens vão aos poucos se mostrando e o mesmo vale para a história deles. Todos os fios vão sendo conectados.

No quesito atuações, então, o elenco não poderia ter sido melhor escolhido. O novato Rafael Casal consegue dar o tom no amigo desequilibrado do protagonista, sempre colocando-o em quase apuros e levando a vida no extremo. No papel principal, Daveed Diggs, que fez algumas participações em série, traz a apatia e confusão necessárias. Ele oscila entre a dor e a indignação, apresentando uma cena final apenas sensacional. Um monólogo e tanto, que deixa o espectador sem ar.

Ponto Cego é uma produção de baixo custo e sem grande alarde que apresenta um filme de alta qualidade, com atuações ótimas e uma direção excelente. Ele traz aspectos artísticos para a trama, tornando-a ainda mais primorosa. Mesclando humor com tensão e oferecendo ao público um leque imenso de sensações, este longa não deveria passar despercebido!

Assista ao trailer!