Crítica: Os Homens São De Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou

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O cinema nacional está tentando se especializar em comédias, principalmente românticas. Agora que o mundo hollywoodiano está dando uma freada no gênero, os brasileiros querem apostar na fórmula clichê que rende boas bilheterias e público há anos. E isso não é um problema, especialmente porque a cada dia que passa a qualidade de roteiro e gravação dos filmes locais sobe a um patamar nunca antes alcançado.

Falando de Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou especificamente, temos um problema recorrente aqui no Brasil. Não sei se pela ansiedade de mostrar que o filme é engraçado ou na tentativa ensandecida de atrair o público, mas colocaram todas as cenas engraçadas no trailer. Isso mesmo. Tudo o que você ri no trailer é exatamente o que você ri no filme. Pouquíssimas cenas a mais e, ainda assim, não tão engraçadas quanto. Ou seja, é um pouco frustrante. O problema é ainda maior porque o trailer passava no cinema há meses, fazendo uma verdadeira lavagem cerebral no espectador.

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Passada essa questão de anticlímax, o longa é bem legal. A história é sobre Fernanda, uma mulher super bem sucedida, com seu negócio próprio e com tudo em cima. Acontece que ela está beirando os 40 anos e ainda não tem nem um namorado, muito menos um casamento feliz. A situação piora porque ela é organizadora de casamentos, então está sempre lidando com o “felizes para sempre” dos outros. De “fiéis escudeiros”, ela tem o sócio gay e uma amiga piriguete, que participam de todas as suas trapalhadas.

O longa é basicamente sua busca por um verdadeiro amor e companheiro. Ela passa por várias enrascadas e tem comportamentos clássicos de qualquer mulher solteira, como dizer que não vai dormir com o homem na primeira noite, se preocupar com a roupa que vai usar, com a calcinha e tudo mais.

A risada é garantida, mas seria muito mais se o espectador já não tivesse rido de tudo nos trailers. Imagino que alguém que não tenha visto os trailers, tenha amado o filme, porque ele realmente é divertido.

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Existe um certo problema de construção de relacionamento, é bem verdade. Como são muitos casos, eles acabam passando rapidamente no quesito aprofundamento. Ela está com a pessoa hoje, amanhã já está viajando e chamando de namorado. Mas ai o espectador descobre no meio do caminho que este “amanhã” é muito tempo depois, só que o filme não deu pistas nem falou nada sobre isso. Isso fica ainda mais claro no último relacionamento de Fernanda, que é pouquíssimo aprofundado, sendo que é o cara que ela se apaixona, ele se apaixona por ela e eles seguem pro “final feliz”. Acontece muito do nada e decepciona um pouco.

Fora isso, Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou entretém como comédia romântica e mostra que o Brasil tem potencial para o gênero, basta se empenhar nisso. Deixar um pouco de lado a questão sexual recorrente no cinema nacional e mostrar que sabe fazer piada, mas que também sabe fazer romance.