Crítica: O Roubo da Taça

Um filme com pouco alarde, divulgação tímida e combinação de elenco diferente. Caminhando devagar, O Roubo da Taça conseguiu se mostrar um bom filme do cenário nacional, que aproveita vários aspectos da nossa cultura em prol da narrativa principal. Além disso, a dinâmica de cenas e personagens é muito interessante e acaba atraindo o espectador desavisado.

A comédia é sobre um fato histórico muito conhecido, o roubo da cobiçada taça Jules Rimet, no Rio de Janeiro, em 1983. O corretor de seguros Peralta tem a ideia absurda de invadir a CBF e roubar a réplica desse tesouro nacional, para pagar uma dívida de jogo. Mas acaba levando a taça original, dando início a uma série de confusões inacreditáveis. Para completar, ele tem uma esposa gostosona e muito esperta que vai articulando cada passo desta história.

Embora o roteiro pareça simplório (e ele até é, em certo ponto), várias questões do povo brasileiro são mostradas nas cenas. O jeitinho brasileiro, aquela velha fama de que tudo pode ser resolvido, a ineficácia de nossa polícia na hora de investigar um crime, a capacidade da imprensa de focar em um único tema, a malandragem, etc. Tudo isso é analisado de forma leve e engraçada pelo diretor Caíto Ortiz, mas nem por isso menos verídica.

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Além disso, ele teve um cuidado enorme na criação dos cenários e figurino dos personagens. Até os alimentos e os rótulos das comidas foram cuidadosamente pesquisados, o que dá mais veracidade e embasamento à trama. Por duas horas, o espectador consegue realmente se transportar para os anos 1980 no Brasil.

A sintonia do elenco reflete todo este cuidado com o roteiro. Todos estão muito bem, conferindo um equilíbrio à trama. A graça e a atrapalhação andam de mãos dadas, proporcionando cenas realmente cômicos para o espectador. Nada forçado, fluindo muito naturalmente.

O cuidado no estilo de gravação, nas tomadas escolhidas, muda o filme de uma produção banal para um longa realmente bom, tanto no aspecto técnico quanto de enredo. Ele funciona muito bem como um todo e tem um equilíbrio agradável que envolve o espectador.

Uma grata surpresa que mostra o quanto nosso cinema tem um potencial imenso, muitas vezes pouco explorado. Uma pena que teve uma divulgação tímida. Torço para que chame a atenção dos espectadores nas salas de cinema.

Assista ao trailer!