O Exterminador do Futuro – Gênesis chega aos cinemas com a insustentável obrigação de superar o seu legado. Quanto a isso, não tem como ele escapar. Aliás, nenhuma continuação, reboot ou remake consegue sair dessa esfera de julgamento, as comparações do público e da crítica são praticamente automáticas. No caso desta franquia específica, as comparações chegam a ser injustas quando os filmes anteriores, sobretudo o primeiro e o segundo, ambos dirigidos por James Cameron, revolucionaram a própria indústria do cinema. Infelizmente, a repercussão deste quinto capítulo da franquia, O Exterminador do Futuro – Gênesis, não tem sido boa, na verdade, decepcionante. As cotações do filme nos sites estão baixas e o boca-a-boca confirma as comparações que mencionamos a pouco, Gênesis está anos luz dos seus predecessores, dizem os especialistas. Está sim, mas apesar dos seus equívocos e derrapadas, o filme consegue ser bem divertido, satisfatório até. O seu grande “porém” talvez seria o visível desgaste da série, evidenciado por um final que demonstra pouco fôlego para as futuras continuações.
Em O Exterminador do Futuro – Gênesis vemos os episódios que deram início ao primeiro filme. Em 2029, a resistência humana às máquinas, liderada por John Connor, envia para o ano de 1984 um protetor para a sua mãe, Sarah Connor, o sargento Kyle Reese. Reese terá que salvá-la de um exterminador que pretende matá-la a fim de evitar que, no futuro, Connor represente algum risco a dominação dos homens pelas máquinas. No entanto, em função das mudanças de rumo promovidas por esta mesma ação no início da franquia, o ano de 1984 agora não será o mesmo do primeiro filme da série, ou seja, Sarah Connor não é mais aquela garçonete desprotegida e conta com a ajuda de um exterminador que foi enviado para protegê-la quando ainda era pequena.
É verdade que Gênesis se aproveita de todo o legado deixado pelos filmes anteriores da série, tornando-se uma espécie de híbrido anabolizado do primeiro e do segundo longa. O diretor Alan Taylor, de Game of Thrones e Thor – Mundo Sombrio consegue reconstituir sequências semelhantes aos filmes anteriores. O filme então funciona basicamente como uma reverência ao passado, como o recente Jurassic World. No entanto, ao contrário de Jurassic World, O Exterminador do Futuro – Gênesis não consegue promover nenhuma espécie de expansão de um universo já conhecido, soa repetitivo e até mesmo esgota qualquer tipo de possibilidade de ampliação. Sempre que Gênesis tenta promover algum movimento que surpreenda nosso horizonte de expectativas, e ele tem muito potencial para isso já que um dos elementos da franquia é a viagem no tempo e já vimos do que ele é capaz recentemente em Star Trek e X-Men, o filme parece ser engolido por uma megalomania de efeitos especiais que arruina qualquer possibilidade de expansão e está a serviço de mostrar apenas algumas passagens que não foram mostradas no passado por falta de orçamento ou avanços tecnológicos.
O filme é beneficiado por um elenco interessante, que inclui a icônica figura de Arnold Schwarzenegger, sempre a vontade como o exterminador, e os novos rostos de Sarah Connor (Emilia Clarke), Kyle Reese (Jai Courtney) e John Connor (Jason Clarke), todos muito eficientes em suas respectivas funções (a exceção de um J. K. Simmons recém-saido de um Oscar e que aparece completamente avulso em cena). No mais, o longa fica em uma zona cinzenta à procura de uma razão para a sua própria existência ao mesmo tempo em que se justifica por ser funcional aos anseios contemporâneos – e momentâneos – de uma indústria que sempre que pode tenta retornar ao passado no intuito de perpetuar o que já é conhecido e está na zona de conforto do espectador – e esse ano isso parece mais forte do que nunca. O Exterminador do Futuro – Gênesis entretém e satisfaz o espectador em momentos isolados, mas não chega a surpreender ou revelar uma nova faceta sobre uma história que já conhecemos.